PSICOLOGIA EDUCACIONAL
A psicologia educacional dedica-se à abordagem das questões de ensino e aprendizagem de indivíduos de todas a faixas etárias. De facto, nas sociedades ocidentais, a questão da educação deixou de dizer respeito somente ao período de escolaridade formal. Criou-se um novo conceito de educação – o conceito de formação contínua. Isto deve-se a avanços tecnológicos que exigem uma formação integral e permanente ao longo da vida. Portanto, o psicólogo educacional já não é apenas o psicólogo escolar que se centra em crianças/jovens com dificuldades em aprender.
O objectivo da intervenção do psicólogo educacional é promover nas pessoas, nos grupos, nas instituições ou nas comunidades condições para um desenvolvimento e aprendizagem que permitam que as pessoas encarem positivamente e de forma autónoma os desafios que a vida lhes coloca. Por outras palavras, podemos dizer que este psicólogo intervém para se tornar dispensável, promovendo nos alvos da sua intervenção a autonomia necessária a prosseguirem sozinhos o seu percurso de vida.
A intervenção de um psicólogo educacional tem um carácter preventivo, embora também possa assumir uma posição remediativa. Este psicólogo intervém em diferentes níveis – individual, em grupo, institucional ou comunitário. Pode estar presente em creches, jardins-de-infância, instituições de reeducação, internatos, universidades, instituições que se dedicam à ocupação dos tempos livres, estruturas do Ministério da educação. Podem também fazer assessoria na elaboração de campanhas educativas e na produção de materiais pedagógico-didáticos e fazer formação de determinados técnicos (médicos, enfermeiros, animadores culturais).
Antes da elaboração de um plano de intervenção, o psicólogo deve:
- Identificar os estágios do processo de desenvolvimento – aos diferentes estágios (criança, jovem e adulto) correspondem diferentes tipos de ensino e aprendizagem;
- Conhecer as diferenças – os indivíduos têm características, competências e conhecimentos diferentes, pelo que os processos de aprendizagem têm de ser distintos (por exemplo, casos de deficiência física/mental, sobredotação e de imigração);
- Compreender o processo de aprendizagem humana (i.e. perceber como é que as pessoas aprendem), de modo a edificar estratégias de ensino;
- Compreender os factores motivacionais, de modo a promover uma aprendizagem activa e participativa;
- Avaliar as competências e os conhecimentos com o fim de aferir e reorientar o processo de aprendizagem.
Tendo em conta que um psicólogo educacional está tradicionalmente relacionado com o meio escolar, torna-se importante enunciar algumas das suas funções a este nível.
- Ajudam a elaborar programas de aprendizagem ajustados, em conjunto com os professores;
- Acompanham alunos/grupos de alunos com necessidades educativas especiais;
- Promovem acções de formação para os participantes em processos educativos (pais, professores, auxiliares de educação).
PSICOLOGIA CRIMINAL/FORENSE
Este ramo da psicologia é dedicado ao estudo do crime e de todos os protagonistas que estão relacionados com o desvio e a transgressão. Procura identificar as causas que conduzem aos comportamentos desviantes, os mecanismos que os desencadeiam e os efeitos sociais desses comportamentos.
A psicologia criminal ou forense relaciona-se com o sistema jurídico e faz confluência entre o direito e a psicologia. De facto, a atitude face ao comportamento humano destas duas áreas é distinta. O objecto de estudo da psicologia é o comportamento humano e os estados mentais. Por outro lado, o objecto de estudo do direito é a norma jurídica. O direito faz a distinção entre lícito/ilícito e normal/anormal tendo por referência as normas jurídicas estabelecidas pela sociedade, procurando disciplinar o comportamento humano. A confluência destas duas perspectivas permite interpretar e agir sobre uma das questões mais alarmantes da sociedade contemporânea – o combate ao crime. Estudos levados a cabo pela psicologia puseram em causa a eficácia do aumento das penas na diminuição das transgressões criminais.
O trabalho de um psicólogo criminal é bastante diversificado, destacando-se algumas tarefas:
- Participação na selecção e formação de pessoal da polícia e guardas prisionais – apoiam os agentes a gerirem incidentes e conflitos e a desenvolverem competências que facilitem as interacções com e entre os reclusos;
- Diagnóstico de reclusos com perturbações comportamentais (agressividade e isolamento) e psicológicas (depressão, insónias, crises de identidade, sentimentos de culpa) e aplicar terapias individuais ou de grupo;
- Acompanhamento de reclusos em situações de liberdade condicional e, quando libertados, na reinserção na vida ativa;
- Prestação apoio na análise de penas alternativas ao encarceramento (serviço comunitário);
- Participação no diagnóstico de imputabilidade de um acusado e, por isso, isento de pena;
- Prestação de testemunhos em tribunal;
- Avaliação de falsas memórias em depoimentos de testemunhas;
- Avaliação de situações de stress dos agentes da polícia e guardas prisionais;
- Prestação de apoio a vítimas de violência doméstica, abusos sexuais, entre outras formas de violência;
- Prestação de apoio à polícia na definição de perfis psicológicos que ajudem à identificação e captura de criminosos e investigação de crimes.
Um psicólogo forense pode intervir em organizações como estabelecimentos tribunais, centros de custódia de menores, estruturas policiais, instituições de apoio a vítimas e projectos comunitários que visam a prevenção de comportamentos ilícitos.
TÉCNICOS DE SAÚDE MENTAL: PSICANALISTAS
É bastante comum a confusão entre psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e psicoterapeutas. Efectivamente, são todos técnicos que intervêm ao nível da mente.
Um psicanalista trabalha para melhorar a relação de um ser com o mundo e com as suas questões existenciais sem fim. Este profissional trabalha com pessoas que sentem dificuldade em lidar com os universos interior e exterior.
O trabalho de um psicanalista baseia-se nas conceções de Freud e recorre a técnicas do método psicanalítico. De forma geral, a psicanálise tem como objectivo auxiliar no autoconhecimento e na habilidade em lidar com problemas do próprio eu.
Factores como níveis de stress elevados, pressão profissional e diferenças de comportamento e ideais com as pessoas com quem convivem, poderão dificultar a integração de um sujeito no meio social e, consequentemente, farão com que a pessoa se sinta excluída. Deste modo, aumenta a necessidade de procura de ajuda junto destes profissionais.
Um psicanalista ajuda o indivíduo a desenvolver inteligência e tolerância social com os que o rodeiam; a suportar as responsabilidades; a encarar as frustrações da vida.
O tratamento realizado por um psicanalista não tem uma duração exacta, tudo dependerá de como a pessoa está disponível para enfrentar os seus medos e as suas dificuldades.
Em Portugal, o processo de formação de um psicanalista é delineado pela Sociedade Portuguesa da Psicanálise. É a SPP que elabora e coordena os programas de formação. Os candidatos à formação devem ser maiores de 25 anos; ter uma licenciatura de preferência em psicologia ou medicina; ter experiência clínica mínima de 1 ano, na área da saúde mental, devidamente comprovada; ter uma análise pessoal com uma duração de pelo menos 2 anos, com um analista titular da SPP, com uma frequência de 3-4 vezes por semana.
O PSICÓLOGO COMO PROMOTOR DE ADAPTAÇÃO E AUTONOMIA
Embora existam diferentes áreas e especialidades na psicologia, os psicólogos têm objectivos comuns, tais como: a prevenção e remediação de distúrbios mentais e comportamentais; a melhoria da adaptação das pessoas a experiências pessoais e sociais; a promoção de autonomia a nível social.
As perturbações psicológicas e os distúrbios comportamentais dificultam a adaptação das pessoas que os suportam. Uma pessoa com elevada ansiedade social poderá ter limitações no campo profissional.
A intervenção de um psicólogo tem como objectivo facilitar a adaptação de uma pessoa aos diferentes contextos e situações da vida. No caso de uma pessoa com grande ansiedade social, o ensino de estratégias de relaxamento e formas de evitar pensamentos autodepreciadores ajuda ao seu ajustamento social.
No entanto, a facilitação da adaptação poderá não contribuir para uma maior autonomia. A pessoa pode controlar melhor a sua ansiedade, mas pode ainda não ter desenvolvido modos de agir a nível social.
É crucial que a ação de um psicólogo vise capacitar as pessoas para participarem de forma autónoma nas suas relações. Mais do que ajudar uma pessoa a adaptar-se, ou seja, conformar-se com aquilo que é esperado numa situação, é importante ajudá-la, nas suas relações com os outros, a determinar as suas formas de ser e comportar de modo responsável e crítico.
Joana Guimarães
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