Dicotomias na explicação e compreensão do comportamento humano
Inato/Adquirido
Nem só a mudança explica os comportamentos que temos a cada momento. Há pessoas que conhecemos bem e, sobre elas, prevemos como se comportam em determinadas situações, o que tendem a pensar sobre si e sobre o mundo.
A dicotomia estabilidade/mudança diz respeito ao modo como
diferentes correntes foram vendo a explicação do comportamento como tendo
origem em elementos de estabilidade ou elementos de mudança. Analisavam, no
fundo, como é que as transformações conduziam comportamentos não adultos a
comportamentos adultos.
Antes, parecia que enquanto a mudança marcava a infância e a
adolescência, a estabilidade era a principal característica do adulto. No
entanto, esta conceção está ultrapassada. A principal característica dos seres
humanos é a plasticidade que os acompanha ao longo da vida e que de modo algum
termina com o fim da adolescência. Assim, a mudança acompanha-nos ao longo da
vida.
No entanto, é evidente que também existe estabilidade: quando
nos reconhecemos e somos reconhecidos mesmo quando desempenhamos diferentes papéis
ou quando nos movemos em contextos diferentes, com o passar do tempo. Desta
forma, a personalidade não é estática e constrói-se ao longo da vida, ou seja,
é um processo dinâmico que envolve necessariamente mudança.
Conceções do ser humano e objeto da psicologia
Freud e o Inconsciente
Sexualidade
Na
análise que desenvolve com os seus doentes, Freud conclui que muitos dos
sintomas por eles apresentados eram manifestações de conflitos psíquicos
relacionados com a sexualidade, sujeita à repressão. Muitos desses conflitos,
remetiam para experiências traumáticas, vividas na infância e recalcadas no
inconsciente.
Freud
esclarece que a sexualidade não pode ser associada à genitalidade, mas sim corresponde ao prazer que tem origem no corpo e que suprime a tensão.
Para
o fundador da psicanálise, o desenvolvimento da personalidade processa-se numa
sequência de estádios psicossexuais que decorrem desde o nascimento até a
adolescência.
Estádio oral:
O estádio oral decorre entre o nascimento aos 12/18 meses, em que o bebé obtém prazer através de várias acções como: mamar no seio da mãe, levar objectos à boca, ganhar experiência e controlo sobre si próprio e descobrir novas coisas sobre o seu corpo. Neste estádio a zona erógena é a boca, lábios e língua. É a partir da boca que o bebé obtém o prazer e descobre novas coisas. O conflito psicossexual é o desmame que ocorre no fim do período do estádio oral, em que o bebé deixa de mamar.
Estádio anal:
O estádio anal decorre entre os 12/18 meses até aos 3 anos. O bebé obtém prazer através da estimulação do ânus ao reter e expulsar as fezes, continuando também a obter prazer através da boca, lábios e língua (estimulação oral). É nesta fase que se faz a educação para a higiene, relativamente à qual a criança ou cede ou se opõe ao cumprimento das regras.
Estádio fálico:
O estádio fálico decorre entre os 3 e os 6 anos. A criança tem tendência a seguir os hábitos do progenitor do mesmo sexo e ao mesmo tempo sente-se atraído pelo progenitor de sexo oposto. A zona erógena é a zona genital e as crianças sentem uma curiosidade entre a menina e o menino. É o período em que as crianças começam a masturbar-se.
Estádio de latência:
O estádio de latência decorre entre os 6 anos e a puberdade. Neste período de tempo a criança começa a dar importância às relações com os colegas. É neste estádio que ocorre a amnésia infantil em que a criança começa-se a deixar de se interessar tanto pela actividade sexual.
Estádio genital:
Estádio genital ocorre após a puberdade. Neste estádio surge uma activação da sexualidade e as pessoas de sexo aposto têm tendência a sentirem-se atraídas uma pela outra. O prazer sexual envolve todo o corpo, integrando todas as zonas erógenas, principalmente o órgão genital quando estimulado pelo parceiro.
Piaget e a Cognição
Metodologia de investigação de Piaget
Piaget reflectiu e desenvolveu estudos sobre os próprios processos metodológicos que centraram sobretudo na aplicação do método clínico e na observação naturalista. Entrevista crianças sobre o que pensam assumindo uma atitude de abertura e as respostas das crianças guiam o próprio diálogo. A sua experiência de biólogo orientou na observação naturalista dos seus filhos.
Damásio e a Mente
Damásio procura compreender a mente a partir do funcionamento do cérebro. Rejeita o dualismo corpo-mente, afirmando que a mente é uma produção do cérebro.
Para Damásio, assim como os nossos sentido nos dão a conhecer o mundo exterior através de processos de activação nervosa, as emoções são padrões de activação nervosa que correspondem a estados do nosso mundo interior. As emoções são, portanto, representações cognitivas de estados corporais.
Damásio encara, então, o organismo como uma totalidade em constante interacção com os meios exteriores e interior: o corpo, o cérebro e a mente agem em conjunto, porque são uma realidade única.
As emoções e os sentidos estão inteiramente relacionados com a razão, são os alicerces da mente: integram os processos cognitivos e a capacidade de decidir, bem como a consciência de si próprio. São como que orientadores, guias internos que nos permitem sentir os estados do corpo (prazer, dor, alegria, tristeza, desejo, felicidade, etc); são também emissores de sinais que servem de comunicação aos outros.
Ana Monteiro, n.º 5
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