terça-feira, 27 de maio de 2014

Cognição Social

A cognição social é o conjunto de processos cognitivos que estão na base do modo como encaramos os outros, a nós próprios e à forma como interagimos. A forma como o contexto social influencia os pensamentos, afeta as opiniões que formamos e aforma como reagimos. Alguns processos de cognição social são: impressões, expectativas, atitudes e representações sociais.

·     Impressões: são as imagens ou ideias formadas a partir de características decorrentes do primeiro encontro, que naquela situação nos levam a avaliar a pessoa.

 
Toda esta informação é difícil de armazenar, deste modo recorremos ao processo de categorização, ou seja, ao agrupamento de objetos, pessoas ou situações em diferentes classes, segundo as suas diferenças ou semelhanças. É um processo psicológico que ordena o ambiente, ou seja, permite simplificar a complexidade do mundo.

 
 
Existem três tipos de avaliação: a avaliação afetiva, se gostamos ou não de uma pessoa; a avaliação moral, se consideramos que a pessoa tem um carater bom ou mau; e a avaliação instrumental, se a pessoa é competente ou incompetente em relação a uma dada tarefa.
 
Na base da formação das impressões estão: indícios físicos, por exemplo, a cor dos olhos ou a altura de uma pessoa; indícios verbais, por exemplo, se a pessoa utiliza um bom vocabulário, ou possui algum sotaque especifico de uma determinada região; indícios não-verbais, por exemplo, a forma como uma pessoa se veste ou os gestos que faz enquanto que se expressa verbalmente; e indícios comportamentais, ou seja, o conjunto de comportamentos observados, que nos permitem classificar a pessoa.

Por vezes de uma caraterística captada de uma pessoa tendemos a generalizar para as restantes, tentamos confirmar a impressão formada (“efeito de halo”). Por exemplo, um bom vendedor  de uma empresa é promovido para a gerência da mesma e não se adequa ao cargo, deste modo a empresa fica sem um bom vendedor e igualmente sem um gerente.
 
 
·     Expectativas:  A partir da primeira imagem apreendemos caraterísticas que irão criar expectativas, pois estas são modos de caraterizar as pessoas, prevendo os seus comportamentos e atitudes. Por exemplo, se entrarmos num local onde esteja a decorrer uma cerimónia de casamento e virmos alguém vestido de preto, concluímos que é um convidado. A partir desta categorização desenvolvemos expectativas relativamente ao seu comportamento e atitudes. Neste processo podemos identificar duas operações: a indução e a dedução: através da indução passamos da perceção da roupa preta para a inclusão da pessoa na categoria de convidado; pela dedução, depois de reconhecer a categoria a que a pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe caraterísticas.
 
 
 
As expectativas dependem da sociedade, da história pessoal, dos valores, atitudes e  crenças, uma   pessoas de uma cultura diferente talvez não conclui-se que a pessoa, dos valores, atitudes e crenças, uma pessoa de uma cultura diferente talvez não conclui-se que a mulher vestida de preto era uma convidada, estas também são mutuas, a pessoa com quem interagimos desenvolve, igualmente, expectativas relativamente a nós. Formam-se através do conhecimento dos estatutos dos outros, e a cada estatuto corresponde um determinado papel. Como estatuto compreende-se o conjunto de comportamentos que um indivíduo espera dos outros, por papel entende-se o conjunto de comportamentos que os outros esperam de um indivíduo.
Enumeras pesquisas foram realizadas de modo a verificar de que forma a expectativa dos professores em relação aos alunos melhorava, ou não, os seus resultados. De facto uma perspetiva positiva dos professores levava a um melhor desempenho escolar, produzindo assim o que podemos denominar de autorrealização das profecias ou "efeito de Pigmalião".
 
 
 
 
·     Atitudes: As atitudes são predisposições relativamente estáveis que levam uma pessoa a reagir de forma favorável ou desfavorável, em relação a um objeto social. Permitindo-nos assim organizar, interpretar e processar as informações. É então este o processo que explica que diferentes pessoas interpretem de maneiras diferentes uma mesma situação, como por exemplo, a forma distinta como os adeptos de duas equipas de futebol encaram um mesmo jogo de futebol.
Nas atitudes distinguem-se três componentes: a componente cognitiva, corresponde às crenças, às ideias, às informações sobre um determinado objeto social, ou seja, aquilo que pensamos saber sobre o mesmo; a componente afetiva, é um elemento de caracter afetivo ou valorativo, um conjunto de valores e emoções, positivas ou negativas; e a componente comportamental, refere-se ao resultado das interações estabelecidas entre os elementos cognitivos e afetivos. É uma predisposição ou intenção relativamente ao que pretendemos fazer ou dizer, isto é, da tendência para reagir e atuar de dada forma.
 
 

As atitudes não são diretamente observáveis, inferem-se através dos comportamentos, tal como podemos inferir as ações de uma pessoa através das suas atitudes. Estas não são inatas, vão sendo formadas ao longo do processo de socialização, sendo influenciadas pelos familiares, grupo de pares, escola e pelos meios de comunicação social.
O psicólogo social, Leon Festinger, elaborou uma investigação que o levou à teoria da dissonância cognitiva. A dissonância cognitiva consiste no desagradável sentimento que ocorre quando uma pessoa possui duas atitudes opostas, que não de adequam.



·       Representações sociais: Por último, as representações sociais, são o conjunto das crenças, das explicações, das ideias comuns aos elementos de uma determinada sociedade, são partilhadas e aceites coletivamente, resultando das interações socias. Estas possibilitam a comunicação e a compreensão entre os membros de um grupo.
Na origem das representações sociais podemos identificar dois processos: a objetivação e ancoragem. A objetivação é o processo através do qual representações mais complexas se tornam mais simples. A realidade passa a ser explicada de forma mais comunicável, precisa e simples. A ancoragem completa a objetivação e corresponde à incorporação das imagens criadas através da objetivação na mentalidade coletiva.
As representações sociais estão marcadas pela cultura e pela sociedade de cada época.
      
 
As funções das representações sociais são: a função de saber, dá uma explicação e um sentido à realidade, servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e desenvolverem ações concretas sobre o real; a função de orientação, é um guia para os comportamentos; a função identitária, permite ao indivíduo construir uma identidade social, distinguindo o grupo que as produz dos outros grupos; e a função de justificação, permite aos indivíduos explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.
 
                                                                                                                    Filipa Gonçalves nº2

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