A comunicação entre o bebé e as
figuras parentais faz-se através de um conjunto de trocas de sinais que
manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional. A qualidade desta
relação depende da capacidade dos cuidadores responderem adequadamente aos
estados emocionais do bebé, a este tipo de comunicação designa-se por regulação
mútua.
O bebé não é um ser passivo que
se limita a receber os cuidados dos adultos, mas sim ativo que emite sinais
daquilo que pretende e que responde com agrado ou desagrado ao tratamento
disponibilizado.
O choro, o sorriso, as expressões
faciais e as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para
manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação.
·
O sorriso
desencadeia confiança e afeto reforçando os adultos a satisfazer o bebé. Os
sorrisos dados á nascença, depois de comer ou a dormir são sorrisos
automáticos, reflexos e involuntários. Segundo rene spitz, só a partir de meio
ano é que os bebés sorriem para as pessoas que conhece sendo designado por
sorriso social.
·
O choro
é o meio mais eficaz para manifestar uma necessidade ou mal estar. Havendo
vários padrões de choros (fome, dor, raiva, medo ..)
·
A tristeza, o medo, a raiva, a alegria, a
surpresa … são emoções que se podem manifestar através de expressões faciais que têm um valor comunicacional porque
transmitem uma mensagem que têm a expectativa de uma resposta.
·
Os
bebés desde muito cedo emitem sons vocais como resposta ás vocalizações dos adultos. Chama-se lalação ao tipo de emissões
vocais produzidas que se caracterizam fundamentalmente por cadeias de sílabas
repetitivas: ta, ta, ta , pa, pa, pa … as vocalizações não são respostas
adquiridas pois verifica-se em crianças surdas á nascença também as produzem,
mas sim vocalizações que vão evoluindo para forma de conversa.
Ou seja os bebés estão dotados de um conjunto de estratégias, de
competências que lhes permite enviar sinais para os adultos que, por sua vez,
estão predispostos a responder-lhes. Este processo tem um valor adaptativo dado
que leva a que as necessidades fisiológicas e psicológicas sejam satisfeitas.
Competências básicas da
mãe
Uma interação equilibrada exige
que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos pelo bebé e que responda
de forma apropriada. Se o bebé obtém o que precisa, reagira com alegria se não
obtém manifestará ansiedade e frustração.
O bebé mantem uma relação
privilegiada com a mãe, que oscila entre a confiança e a desconfiança, este
conhecimento emocional proporciona uma confiança básica que serve então de
apoio a outras vinculações e permite à criança tornar-se independente.
Wilfred Bion-Sugere o modelo continente-conteúdo para contextualizar a
relação mãe-bebé em que o bebé vivencia medos, emoções, angustia … o que
designa-se por conteúdo e a mãe o
continente, isto é, a depositária dos sentimentos contraditórios vividos pelo
filho.
Uma boa mãe continente é aquela
que absorve do bebé todos os seus sentimentos negativos transformando-os em
sentimentos positivos fazendo com que o bebé se sinta bem e seguro. A
identificação do bebé com essa mãe continente estrutura uma relação de harmonia
essencial para o equilíbrio psicológico presente e futuro.
A relação mãe-bebé inicia-se
muito antes do nascimento, quando a mulher descobre que está gravida, durante o
período de gestação e os primeiros tempos após o nascimento do bebé.
Durante a gravidez,
desencadeia-se um conjunto de suposições, fazem-se projetos relativamente à
criança, que vão desde os simples ao mais longínquo. Fazem com que muitas
mulheres falem com o seu bebé ainda antes do nascimento, que lhe contem
episódios da sua vida quotidiana ou que partilhem com ele os projetos que têm
para o seu futuro. Constrói-se assim um vínculo a um bebé imaginário que se
ajustará, após nascimento, ao bebé real.
Isabel Leite
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