segunda-feira, 27 de janeiro de 2014


Hemisférios cerebrais





O ser humano, tal como todos os mamíferos, possui um cérebro dividido em dois hemisférios: o direito e o esquerdo. O córtex cerebral, camada cinzenta com 3 a 4 milímetros de espessura, cobre os hemisférios cerebrais e é onde residem as capacidades superiores humanas.

Ligados por um sistema de fibras nervosas, o corpo caloso, e separados por uma fissura longitudinal que os diferencia, os hemisférios desempenham funções diferentes. Efectivamente estes controlam a parte oposta do corpo humano, e isto deve-se ao facto de existir cruzamento dos feixes nervosos na condução de instruções até aos músculos.  

Nos seres humanos, cada hemisfério especializou-se em diversas funções, o que é designado por lateralização hemisférica, o que não acontece nos outros animais pois os seus dois hemisférios possuem funções semelhantes.

Posteriormente ao conhecimento desta divisão do cérebro procurou-se atribuir-lhes funções específicas. Na década de 60, devido a investigações do neurocientista Jonh Sperry e dos cirurgiões Joseph Bogen e Philip Vogel , entre outras, foi possível compreender melhor o funcionamento do cérebro e o papel de cada hemisfério, permitindo reconhecer que:


  •  O hemisfério direito controla a formação de imagens, a percepção das formas, das cores das tonalidades afectivas e do pensamento concreto.



  • O hemisfério esquerdo é responsável pelo          pensamento, pela linguagem verbal, pelo discurso,  pelo cálculo e pela memória. 




Apesar desta diferença nos hemisférios cerebrais humanos, eles cooperam entre si e se um não funcionar, o outro tem muitas dificuldades  em aguentar-se, ou seja, o seu funcionamento é complementar.




Devido a este funcionamento integrado dos dois hemisférios que somos capazes de, por exemplo, atribuir um significado a uma expressão verbal: num dialogo, o hemisfério esquerdo permite a produção do discurso e o direito dá a entoação ao que se diz. Dependendo da entoação a interpretação será diferente, e esta interpretação é da responsabilidade do hemisfério direito.




                                                                                                                      Ana Valente nº4

terça-feira, 21 de janeiro de 2014


One Flew Over the Cuckoo's Nest
Voando sobre um ninho de cucos
“Do riso às lágrimas, Voando Sobre Um Ninho de Cucos concretiza um estudo assaz pertinente sobre as ténues fronteiras entre a saúde e a doença mental.”
 Foi um grande filme dos anos 70 (lançado em 1975), vencedor de 5 óscares (melhor filme, ator, atriz, realizador e argumento adaptado), adaptado de um romance de Ken Kesey e produzido pelo tão conhecido ator Michel Douglas.
O presente filme convida-nos a uma reflecção cuidada entre o que é considerado sanidade mental e o que é loucura; ou melhor ainda: qual a distância entre as duas?
A associação vulgar que a maioria das pessoas faz, é que uma pessoa com uma doença mental vive numa constante loucura, mas não serão igualmente loucos os ditos “saudáveis”? Segundo Millôr Fernandes “A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é muito mais comum” pois todos nós temos uma dose de loucura.
E aqui quando se fala de loucura referimo-nos a um desequilíbrio, maior ou menor, entre aquilo que pensamos e fazemos, ou muitas vezes, um desequilíbrio entre o comportamento do indivíduo e as regras sociais… E quem não teve um desequilíbrio na sua vida, mais ou menos percetível? E isso significa que fomos por momentos loucos, ou que somos por momentos sãos?
Voando Sobre Um Ninho de Cucos conta a história de Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um homem delinquente e preguiçoso que, para se livrar dos trabalhos forçados na prisão, alega insanidade mental dando entrada num hospital psiquiátrico. Hospital este que o levará para uma realidade que estaria longe de imaginar ser possível. É aqui que conhece um grupo de indivíduos com perturbações mentais, tendo cada um destes as suas particularidades, e também a inflexível, insensível e calculista enfermeira Ratched (Louise Fletcher). Esta trata os seus pacientes como se fossem crianças, limitando-os a horários e rotinas previamente planeadas, acompanhadas de medicamentos que não passam de drogas para os controlar e manipular.
O filme passa-se na década de 70 mas retrata alguns aspetos que se verificam ainda nos dias de hoje. Na verdade todos nós temos um medo terrível de um dia nos tronarmos loucos, ou que quem nos rodeia, especialmente de quem mais gostamos, se torne insano. De certa forma tentamos moldar os indivíduos desde bebés, enquadrando-os nas regras sociais, morais e políticas para que se tornem pessoas equilibradas, pessoas mentalmente sãs que sabem viver em grupo. Mas como se costuma dizer, o ser humano não é de ferro, e por vezes as coisas falham, fragilizando-nos. Pode então surgir a necessidade de ajuda e é então que o medo surge.
A simples sugestão ou ideia de se consultar um psicólogo cria uma certa resistência, porque ou só consulta o psicólogo quem é tolinho ou porque a seguir a um psicólogo vem sempre um psiquiatra e aí já não há volta a dar. Acabamos de abordar duas áreas distintas mas complementares que, embora com tendência para diminuir, são alvo dum estigma social. Porque ninguém quer ser tolinho, ou ter filhos tolinhos, ou pais, ou maridos e esposas… e por isso a consulta de um destes profissionais pode tornar-se motivo de vergonha, pelo que é evitada.
 Assim sendo, talvez fosse importante estabelecer a diferença entre estas duas áreas e conhecer o campo de ação destes dois profissionais. 
O Psicólogo e o Psiquiatra são ambos profissionais da área da saúde mental, contudo o Psicólogo tem uma formação superior em Psicologia e o Psiquiatra tem uma formação superior em Medicina, especializando-se depois em Psiquiatria. Assim, podemos dizer que o Psicólogo não é um médico, enquanto o Psiquiatra o é. Como consequência da formação de base, o Psicólogo e o Psiquiatra têm tipos de intervenção distintos: ambos dispõem de técnicas de diagnóstico próprias e instrumentos de avaliação próprios. No entanto o Psicólogo tem um tipo de intervenção centrado na relação terapêutica, enquanto o Psiquiatra intervém através da prescrição de medicamentos. O Psicólogo tem uma visão dos problemas psicológicos ancorada em fatores vivenciais, relacionais e de desenvolvimento, enquanto o Psiquiatra tem uma visão assente em fatores de ordem biológica/orgânica.
 
A Psicologia é a ciência que estuda os processos mentais e o comportamento (humano e animal), pelo que estuda conceitos como a perceção, a cognição, as emoções, a personalidade, o comportamento, as relações interpessoais. Tenta compreender o papel que estas funções desempenham no comportamento social e nas dinâmicas sociais, pelo que aplica o seu conhecimento muitas vezes nos assuntos relacionados com a família, a educação e o trabalho.
Por outro lado, e tratando-se de um médico, o  psiquiatra tem por objetivo tratar as doenças mentais, pelo que tende a usar o modelo médico, tanto no diagnóstico como no tratamento das doenças.  Aqui os problemas são vistos como uma doença ou perturbação, no âmbito dos quais o psiquiatra recorre a recursos da medicina a fim de estabelecer diagnósticos e levar a cabo o tratamento, este último predominantemente baseado na terapia medicamentosa (psicofármacos). Sendo um médico, o Psiquiatra tem uma formação que lhe permite a prescrição de fármacos.
A Psiquiatria, como especialidade médica, lida com as doenças mentais em humanos através da prevenção, do atendimento, do diagnóstico, do tratamento e da reabilitação. E cujo o objetivo principal é reduzir o sofrimento psíquico para atingir o bem-estar.
 
É certo que as duas áreas podem trabalhar sozinhas, mas no intuito de otimizar os resultados a parceria de ambas é aconselhável. Isto porque a medicação permite estabilizar níveis muito elevados de sofrimento para que o indivíduo possa estar mais equilibrado, contudo, para que a mudança psíquica ocorra é necessário trabalhar-se aspetos como os pensamentos e sentimentos e, tal só é possível com um acompanhamento psicológico ou com psicoterapia.
 
Segundo a opinião de um psicólogo clínico, Vítor Rodrigues, «Do mesmo modo que os medicamentos não permitem alterar a informação de uma pessoa, resultante da sua história de vida, há situações em que uma pessoa está momentaneamente tão angustiada, triste e culpabilizada ou mesmo agitada, delirante até, que o psicólogo não consegue ajudá-la a lidar com a informação, a gerir a ansiedade ou a encontrar sentido».
Explica ainda o especialista que «nesse caso, os medicamentos administrados por um psiquiatra podem tornar-se fundamentais e imprescindíveis, até que o paciente fique suficientemente calmo ou lúcido para poder beneficiar de uma psicoterapia. Também são numerosos os casos em que a medicação não chega, sendo útil a intervenção do psicoterapeuta para ajudar a pessoa a reformular-se, conhecer-se, modificar modos de pensar, de reagir e de sentir».
Foi tudo isto que falhou no hospital psiquiátrico onde Randle Patrick McMurphy foi parar e talvez tenha sido por estas noções que ele tenha lutado. Pois todos eles vivem num pânico constante, numa repreensão doentia, fruto dos tratamentos como as sessões altamente condicionadas e controladas pela enfermeira Ratched, os choques elétricos e mais grave ainda a Lobotomia (intervenção cirúrgica no cérebro em que são selecionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. O procedimento leva a um estado de sedação, de baixa reatividade emocional nos pacientes.) Chega a ser perturbador quando nós, espectadores, em conjunto com McMurphy nos apercebemos que a grande maioria dos pacientes é voluntário na clínica.
É à medida que se apercebe desta situação que ele tenta reverte-la com a sua rebeldia e com provocações. Porque a real verdade que emerge à medida que o filme se desenrola é que a estas pessoas consideradas loucas, é-lhes retirado o livre arbítrio, a capacidade de julgar por si só e de tomar decisões. E não será esse um bem precioso na vida de cada ser humano? Não será isso que nos distingue uns dos outros e permite que cada um escreva a sua história de vida?
O que ele quer fazer entender é exatamente isto. Que independentemente da limitação psíquica e mental de cada um, é o dever da sociedade e dos profissionais de saúde tentar manter o máximo de capacidades cognitivas possíveis. Porque mesmo que um indivíduo seja bipolar, esquizofrénico, depressivo… há-de saber sempre que o seu gelado preferido é o de morango, que o seu clube é o Porto e não o Benfica, que jogar bola com os amigos é divertido, que determinada pintura é bonita (…) porque toda a sua vivência, ou pelo menos parte dela, está gravada em si mesmo. Tal como é demostrado no filme, um louco também gosta de passear, um louco também sabe pescar, um louco também gosta de assistir a um jogo na televisão. E quem o priva destas pequenas grandes coisas é um louco ainda maior!
A existência de um tal tratamento que, era suposto permitir que os seus doentes conquistassem uma vida emocionalmente estável, e que afinal não passa de um roubo de personalidades através de métodos macabros; a conversão à loucura por livre e espontânea vontade dos pacientes para não se condenarem a si próprios a castigos que os deixarão irreconhecíveis, mostra bem o quanto é ténue, o quanto é fina a linha que separa a loucura da sanidade!
 
(A responsabilidade editorial desta informação é da revista "Saber Viver")
 
                                                                                                                                        Inês Costa nº 25
                                                                                     

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014


                  Síndrome de Down
                   
 A síndrome de Down é a forma mais frequente de retardo mental causada por uma aberração cromossómica microscopicamente demonstrável. É caracterizada por história natural e aspectos fenotípicos bem definidos. É causada pela ocorrência de três (trissomia) cromossomas 21, na sua totalidade ou de uma porção fundamental dele.










 Carateristicas Clinicas
O risco de ter uma criança com trissomia  21 aumenta com a idade materna. Por exemplo, o risco de ter um recém-nascido com síndrome de Down, se a mãe tem 30 anos é de 1 em 1.000, se a mãe tiver 40 anos, o risco é de 9 em 1.000. Na população em geral, a frequência da síndrome de Down é de 1 para cada 650 a 1.000 recém-nascidos vivos e cerca de 85% dos casos ocorre em mães com menos de 35 anos de idade.
As pessoas com síndrome de Down costumam ser menores e ter um desenvolvimento físico e mental mais lento que as pessoas sem a síndrome. A maior parte dessas pessoas tem retardo mental de leve a moderado; algumas não apresentam retardo e situam-se entre as faixas limítrofes e médias baixa, outras ainda podem ter retardo mental severo.
Existe uma grande variação na capacidade mental e no progresso de desenvolvimento das crianças com síndrome de Down. O desenvolvimento motor destas crianças também é mais lento. Enquanto as crianças sem síndrome costumam caminhar com 12 a 14 meses de idade, as crianças afetadas geralmente aprendem a andar com 15 a 36 meses.

Carateristicas Fisicas:


Hipotonia muscular;
Cavidade oral pequena;
Cabeça pequena e proeminente na zona da nuca;
Pescoço curto e largo;
Mãos e pés pequenos e quadrados;
Baixa estatura.











Entre oitenta e noventa por cento das pessoas com síndrome de Down têm algum tipo de perda auditiva, geralmente do tipo de condução. Pacientes com síndrome de Down desenvolvem as características neuropatológicas da doença de 
Alzheimer em uma idade muito mais precoce do que indivíduos com Alzheimer e sem a trissomia do 21.
 Citogenética
A maior parte dos indivíduos (95%) com trissomia do 21 tem três cópias livres do cromossoma 21; em aproximadamente 5% dos pacientes, uma cópia é translocada para outro cromossoma acrocêntrico, geralmente o 14, o 21 ou o 22. Em 2 a 4% dos casos com trissomia do 21 livre, há mosaicismo, isto é, uma linhagem de células com trissomia e uma linhagem de células normal na mesma pessoa.
Aconselhamento genético
Pais que têm uma criança com síndrome de Down têm um risco aumentado de ter outra criança com a síndrome em gravidezes futuras. É calculado que o risco de ter outra criança afetada é aproximadamente 1 em 100 na trissomia do 21 e no mosaicismo. Porém, se a criança tem síndrome de Down por translocação e se um dos pais é portador de translocação (o que ocorre em um terço dos casos), então o risco de recorrência aumenta sensivelmente. O risco real depende do tipo de translocação e se o portador da translocação é o pai ou a mãe.



É importante frisar que um ambiente amoroso e estimulante, intervenção precoce e esforços integrados de educação irão sempre influenciar positivamente o desenvolvimento desta criança.


                                                                                                                           Cátia Pinto