quarta-feira, 28 de maio de 2014

Relações precoces e Relações interpessoais

Estereótipo

Corresponde a generalizações, ou pressupostos, que as pessoas fazem sobre as características ou comportamentos de grupos sociais específicos ou tipos de indivíduos que tanto pode resultar numa avaliação positiva como uma avaliação negativa.
O estereótipo é geralmente imposto, segundo as características externas, tais como a aparência (cabelos, olhos, pele), roupas, condição financeira, comportamentos, cultura, sexualidade, sendo estas classificações – categorização- nem sempre positivas que podem e muitas vezes causar certos impactos negativos nas pessoas.

Exemplos:
·         Estereótipo de género: papel da mulher e do homem.
·         Estereótipo racial e étnico: contra negros, muçulmanos, ciganos, alemães, asiáticos.
·         Estereótipo socioeconómico: os mendigos, os milionários.
·         Estereótipo da sexualidade: lésbicas, homossexuais, transsexuais, bissexuais.
·         Estereótipo sob grupos de indivíduos: góticos, políticos, skinheads, loiras.

Há estereótipos que funcionam como guias de comportamento e códigos de comunicação. É o caso dos conceitos de idade, sexo, profissão, religião, classe social, etc., que ajudam, por um lado, a prever comportamentos e, por outro, ajudam ao estabelecimento de laços entre as pessoas.


Preconceito               

O preconceito, do grego prae (antes) e conceptu (conceito), traduz a apreensão de uma série de crenças e valores que são aplicados a determinadas realidades antes que essa realidade seja objetivamente vivida e avaliada por si mesma.
 Em termos sociais ou étnicos, o preconceito consiste numa ideia construída sobre o "outro" antes de o conhecer efetivamente e dispensando mesmo a necessidade dessa experiência, já que o conceito mental substitui a própria realidade. Tanto o estereótipo como o preconceito traduzem generalizações; a diferença é que enquanto o primeiro é uma realidade objetivamente apercebida e depois generalizada a outras realidades, o segundo é a "invenção" ou "ideia" de uma realidade subjetiva que é generalizada ao real, substituindo-o.
A relação entre estereótipo e preconceito é pertinente, na medida em que a formulação de muitos estereótipos reside na prévia existência de preconceitos e vice-versa.
 “O amor não vê defeitos , com o ódio não vê qualidades" Allport


Discriminação

A discriminação refere-se a atitudes que prejudicam os sujeitos pertencentes a determinados grupos sociais e resulta de processos sociais que molestam os membros desses grupos. A discriminação, portanto, estará configurada quando existir uma ação ou omissão que dispense um tratamento diferenciado (inferiorizado) a uma pessoa ou grupo de pessoas, em razão da sua pertença a uma determinada raça, cor, sexo, nacionalidade, origem étnica, orientação sexual, identidade de género, ou outro fator.
A discriminação pode ser direta ou indireta:

Direta – sempre que, em razão da origem racial, étnica, nacional ou outra uma pessoa seja objeto de tratamento menos favorável do que aquele que é, tenha sido ou possa vir a ser dado a outra pessoa em situação comparável.
Por exemplo, o proprietário de um imóvel que se recusa a arrendar para cidadãos estrangeiros realiza uma discriminação direta;

Indireta – sempre que disposição, critério ou prática, aparentemente neutro, coloque pessoas de uma dada origem racial, étnica, nacional ou outra numa situação de desvantagem comparativamente com outras pessoas.
Por exemplo, uma empresa que tenha como condição para a promoção dos funcionários o facto de falar a língua portuguesa sem sotaque, pode parecer um critério neutro, mas acaba por excluir todos os funcionários que não tenham o português como língua nativa (a não ser que a função a ser exercida justifique que o candidato apresente uma determinada dicção, como no caso dos tradutores).
No século XX, grande número de países passou a prever na sua legislação a ilegalidade da discriminação, não só de tipo direto mas também indireto, precisamente para operacionalizar o reconhecimento de princípios básicos de igualdade.
No âmbito dos crimes, temos os chamados crimes de ódio, que podem ser definidos como a prática efetiva de atos de violência motivados pelo facto de a vítima apresentar determinada característica (como certa origem racial, orientação sexual ou origem nacional, por exemplo) ou de pertencer a um determinado grupo (como ser seguidora de uma religião). Esta motivação racista ou preconceituosa pode levar à aplicação de uma pena mais elevada, pois o crime passa a ser considerado como qualificado (crimes de ofensa à integridade física qualificada e homicídio qualificado).


Cooperação versus Competição

Experiência de Muzafer

Muzaferd Sherif dividiu num campo de férias de Verão dois grupos de rapazes, as “águias” e as “serpentes”. Estes depois de passarem por uma primeira fase de cooperação, foram sujeitos a jogos e atividades de competitividade. Na segunda fase verificou-se que o nível de competitividade aumentou, manifestando-se na segunda semana como um fonte rivalidade. Na terceira fase os investigadores excluíram as actividades competitivas e procuraram que os rapazes se unissem, favorecendo o contacto entre eles. Contudo, o que se verificou é que existia grande conflito entre as pessoas pertencentes a diferentes grupos, o que impedia o seu relacionamento. Na quarta e última fase, foram obrigados a realizar atividades de cooperação essenciais para ambos e que só resultavam se os dois grupos se unissem; por fim, foram obrigados a comunicarem e a conhecer-se, acabando por criar laços de amizade.

Acontecem três coisas:
1- As relações interdependentes, nas quais a cooperação é reforçada, levam a uma motivação mais forte para completar a tarefa comum.
2- O trabalho de grupo desenvolve uma amistosidade considerável entre os membros do grupo.
3- A cooperação desenvolve um processo de comunicação amplamente efetivo que tende a promover uma maximização da criação de ideias e uma maior influência mútua.



Efeitos no comportamento cooperativo

A vida no século XX é caracterizada por comunidades globais e interdependentes e por instituições sociais complexas, as quais requerem níveis elevados de cooperação entre os seus membros. Consequentemente, a maioria das pessoas valoriza o comportamento cooperativo e acredita que ele constitui um objectivo importante para a educação. Muitas das actividades extracurriculares da escola, tais como as equipas desportivas e as manifestações musicais e teatrais, são justificadas nesta base.


Conflito

É no seio destas relações que estabelecemos com os outros, que surgem, por vezes, situações em que as partes não conseguem chegar a um acordo baseado na cooperação e acabam por entrar em conflito.
O conflito pode ser identificado por uma tensão tanto ao nível individual como do grupo, devido a posições opostas sobre determinada matéria ou de interesses incompatíveis. Uma vez instalados, os conflitos, por exemplo de ordem política, pessoal ou religiosa podem ser reativados e alimentados pelos preconceitos e atitudes negativas. O agravamento tal como o atenuamento do conflito vai depender das relações internas de cada grupo, pode aumentar ou diminuir se se desenvolverem atitudes de provocação ou de conciliação respetivamente. Uma vez, que os conflitos também se geram do inconformismo presente na sociedade, e são vários os exemplos que figuram na história que demonstram a positividade deste.

nível pessoal: conflito geracional, resultante dos pontos de vistas e opiniões divergentes entre pais e filhos; Exemplificando, as discussões entre as horas de saídas a casa depois das festas

- nível social: No entanto, ao nível social, o conflito pode ser gerador de novas ideias e surgir como um foco de mudança resultado das várias interações dos grupos que constituem a sociedade.
No contributo dos conflitos entre os negros e os brancos para o reconhecimento da igualdade de todos os cidadãos, as sufragistas e revolução liberal em frança na qual resulta a morte das figuras do poder.

Formas de resolução

- Conflito e Cooperação:

- Conflito e Mediação: fazendo uso de uma terceira parte imparcial, que ajuda ambas as partes a chegarem a um consenso, como ocorre nos processos de divórcios.

- Conflito e Negociação: ambas as partes tentam chegar, voluntariamente e cordialmente a uma decisão que beneficie os envolvidos, como ocorre nos meios empresariais, entre vendedores da mesma firma, para maximizar o número de clientes.


Cooperação

A cooperação em grupos não é apenas socialmente construída ou o produto de uma escolha racional, a cooperação tem uma base genética natural.
As duas principais vias através das quais os interesses individuais levam à cooperação social são a seleção por parentesco e a reciprocidade. Desta forma, os parentes demonstram altruísmo de forma mais evidente para com aqueles que mantêm um determinado grau de parentesco. Contudo, também a cooperação também é verificada ao nível de comportamentos para com pessoas com as quais não se tem qualquer laço de sangue.

A cooperação entre os homens e a confiança que esta gera é um conceito que remonta à pré-história, em que os homens se juntavam para caçar de forma a manter a sua sobrevivência, verificada hoje em dia nas relações de trabalho de forma a reunir o maior número de clientes em determinado ramo.
Tanto a cooperação e o altruísmo recíproco emergiram originariamente porque traziam benefícios aos indivíduos que os possuíam. A capacidade de trabalhar em conjunto constituía uma vantagem competitiva para os seres humanos primitivos e por isso aquelas qualidades que reforçavam o grupo alastraram e tornaram-se uma constante, sendo um comportamento praticado nos nossos dias.  À medida que os grupos se formam, começam inevitavelmente a competir, proporcionando um nível mais alto de incentivo à cooperação entre os respetivos  membros. Nas palavras do biólogo Richard Alexander, “os seres humanos cooperam para competir.”
A linguagem veio facilitar a cooperação.

Extra: O psicólogo Nicholas Humphrey e o biólogo Richard Alexander ,sugeriram separadamente, que uma das razões por que o cérebro humano se desenvolveu tão rapidamente quanto o fez foi a necessidade que os humanos tinham de cooperar, enganar e decifrar o comportamento uns dos outros.


Mafalda Alves


Relações precoces e Relações interpessoais


Há vários tipos de processos de relação que estabelecemos nas relações interpessoais, ou seja, entre indivíduos e grupos.
Para compreendermos estes processos de relação, temos de compreender os conceitos atração, agressão e intimidade.
A atração define-se pelo interesse pelos outros, as pessoas comunicam que gostam e trocam afetos entre si. A atração divide-se em três componentes, a avaliativa , cognitiva e a conativa.
Há vários fatores que explicam o que nos leva a sentirmo-nos atraídos por algumas pessoas:

·     Proximidade ( através de estudos feitos podemos observar que há mais probabilidade de simpatizar/estabelecer uma relação/casar com alguma pessoa que frequente os mesmo locais que nós , desde o local de trabalho até ao café, ou que por exemplo more na mesma zona que nós)

·               Familariedade (relacionado com o tópico anteriormente mencionado, a atração por uma dada pessoa tende a aumentar se estivermos com a mesma frequentemente)

·              Atração Física (Refere-se às aparências, pessoas mais bonitas são mais populares, causam melhores impressões iniciais)

·                Semelhanças Interpessoais ( sentimentos,  comportamentos,  atitudes, opiniões, interesses e valores são semelhantes com os nossos)

·         Qualidades positivas (gostamos mais de pessoas que possuam características agradáveis do que desagradáveis)

·                 Complementariedade (características que a outra pessoa possui que de certa forma nos completa)

·                 Reciprocidade (gostamos de quem nos aprecia, de quem gosta de nós)

Depois temos aqueles fatores base como o respeito, a aceitação, a estima e a gratidão
Depois de explorado um dos processos de relação entre os indivíduos, a atração, passaremos a um assunto bastante distinto, a agressão.
A agressão é um comportamento que tem como objetivo causar danos físicos ou psicológicos a uma ou mais pessoas e reflete intenção de magoar/destruir.
Há vários tipos de agressão. Temos formas de agressão quanto...

·         ... À intenção do sujeito

- Hostil (emocional, impulsiva) – causar danos ao outro, independente de qualquer vantagem/ desvantagem que se possa obter

- Instrumental (planeada, não impulsiva) – visa um objetivo, tem por fim conseguir algo independente do dano que possa causar

·         ... Ao alvo

- Direta – comportamento agressivo que se dirige à pessoa ou ao objeto que justifica a agressão

- Agressão deslocada – o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é respons´svel pela causa que lhe deu origem

- Auto-agressão – o sujeito desloca a agressão para si próprio

·         ... Forma de expressão

- Aberta – violência física/psicológica e é explícita (espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações...)

- Dissimulada – ocorre em meios não abertos, o sarcasmo e o cinismo são forma de agredir o outro, de ferir a sua auto-estima, gerando ansiedade

- Inibida – contra si próprio, gerando sentimento de rancor

Agora passaremos a um tipo muito particular de interação social, a relação de intimidade
A intimidade é uma experiência que implica uma forte vivência, envolvimento e comunicação profunda. Há uma partilha de sentimentos, de pensamentos e experiÊncias numa relação de abertura, sinceridade e confiança.
A intimidade divide-se em duas dimensões, a relacional (as pessoas estarem mais ou menos disponíveis para partilhar sentimentos, afetos e emoções) e a pessoal (personalidade das pessoas em questão, história pessoal e o contexto de vida em que se encontra)
Existem diferentes níveis de intimidade nas relações que estabelecemos com os outros:

·        Intimidade social (experiência de ter amigos)

·         Intimidade sexual (experiência de partilhar o contacto físico)

·         Intimidade emocial (experiência de proximidade de sentimento, o encontro de compreensão e apoio)

·         Intimidade intelectual (experiência de partilhar ideias)

·         Intimidade lúdica (experiência de partilhar tempos livres e de lazer)

A relação de amizade envolve intimidade, pois a intimidade é a partilha de experiências. As amizades variam segundo um conjunto de fatores:

·                  Idade – manifesta-se de forma distinta e têm significado diferente nos diferentes estádios do ciclo de vida

·            Género – considera-se que entre as mulheres a intimidade e confidências estão mais presentes do que entre homens

·         Contexto Social – Varia de cultura para cultura, de época para época. Sendo encarada de maneira diferente

·         Características individuais – Pessoas têm capacidades diferentes para estabelecerem relações de amizade
Há várias “espécies” de amor para compreender essas diferenças, o psicólogo Robert Stemberg fez o chamado modelo triangular do amor.
O amor envolve três dimensões, a intimidade (desabafar com os outros e partilhar sentimentos), a paixão (atração erótica, atração sexual) e o compromisso (intenção de manter-se numa relação)


Mariana Gomes



terça-feira, 27 de maio de 2014

Emoções  
Características das emoções:
. As emoções estão relacionadas com o tempo. Não se pode falar de um desgosto que dure um minuto ou de uma surpresa que dure dois dias. A emoção dura no tempo, tem um princípio e um fim. O tempo é uma das qualidades da emoção.
. As emoções variam de intensidade, o que nos permite distinguir, por exemplo, o receio do medo ou do terror. Certas emoções, vividas com uma forte intensidade, têm um efeito muito grande na nossa vida mental.
. As emoções reflectem-se em alterações corporais através de gestos, movimentos, expressões faciais, mímicas, aceleração do ritmo cardíaco, etc.
. As emoções têm causas e objectos a que se dirigem. Surgem a propósito de um acontecimento, pessoa, situação, recordação ou ideia.
. As emoções caracterizam-se pela sua grande versatilidade, aparecendo e desaparecendo com rapidez.
. As emoções caracterizam-se pela sua polaridade: são positivas (alegria) ou negativas (desgosto, medo). A qualidade positiva ou negativa da emoção varia de intensidade. Uma pessoa pode sentir-se muito feliz ou só um pouco feliz.
. As emoções não são hábitos, no sentido de que não se exprimem como parte de algum ciclo regular. São reacções a experiências específicas.
. A emoção não é determinada pelos fatos, mas pela interpretação dos fatos, um aluno tem mau aproveitamento: se considera que os baixos resultados se devem à injustiça dos professores, sentirá ira, se considera que o seu insucesso é devido à falta de estudo, sentirá culpa

As Emoções são fundamentais para o desenvolvimento saudável e até mesmo para a sobrevivência. Como é evidente e obvio, os animais também possuem emoções, embora não tão elaboradas, especificas e variadas como os seres humanos.
§  Emoções Primárias: são inatas estas são comuns a todos os seres humanos. Deste grupo fazem parte as emoções básicas, como: a alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa.
§  Emoções Secundárias ou sociais dependem de factores e variáveis socioculturais. Estas podem variar entre culturas e/ou sociedades. Exemplos dessas emoções: a culpa, a vergonha, a gratidão, a simpatia, a compaixão, o orgulho, a inveja, o desprezo, o espanto, etc.
§  Emoções de Fundo: estas estão relacionadas com o bem-estar ou com o mal-estar interno. Estas são induzidas por estímulos internos, com origem em processos físicos ou mentais, levando o organismo a um estado de tensão ou relaxamento, fadiga ou energia.   
Uma emoção propriamente dita é um conjunto de respostas químicas e neurais que formam um padrão diferente do habitual.

Sentimentos
Os sentimentos são únicos aos seres humanos, podemos considera-los uma evolução das emoções. O sentimento é uma auto percepção do próprio corpo, acompanhada pela percepção de pensamentos com determinados temas e pela percepção de um modo de pensar.
Os sentimentos são mais conscientes que a emoção, pois enquanto as emoções muitas vezes chegam ao ser humano e aos animais de forma inconsciente, o sentimento é uma espécie de juízo sobre essas emoções, que devido às emoções serem inconscientes, nem sempre corresponde à verdade.



Afecto

A afectividade potencia o ser humano a revelar os seus sentimentos em relação a outros seres e objectos. Graças à afectividade, as pessoas conseguem criar laços de amizade entre elas e até mesmo com animais irracionais, isto porque os animais também são capazes de demonstrar afectividade uns com os outros e com os seres humanos.
As relações e laços criados pela afectividade não são baseados somente em sentimentos, mas também em atitudes. Isso significa que em um relacionamento, existem várias atitudes que precisam ser cultivadas, para que o relacionamento prospere.

Marcador Somático

Damásio utiliza a seguinte situação para exemplificar um dos níveis mais básicos desse processo:   verifique-se o que acontece quando alguém se desvia bruscamente de um objecto prestes a cair em sua cabeça.  Existe uma situação que exige uma decisão imediata (o objecto em queda), existem opções de acção (desviar-se ou não) e cada uma possui consequências diversas. No entanto, neste caso, não se recorre  ao conhecimento consciente (explícito) nem a uma estratégia consciente de raciocínio. O conhecimento   foi consciente pela primeira vez que se aprendeu que  um objecto ao cair sobre a cabeça   pode ferir, portanto é melhor evitar ser atingido. No entanto,   a experiência destas situações, à medida que se cresceu, levou o cérebro a ligar directamente o estímulo desencadeador a resposta mais vantajosa, de forma a se accionar este mecanismo rápida e automaticamente.
Para  solucionar este dilema, segundo Damásio a pessoa teria duas opções: o formalismo lógico  ou a “hipótese do marcador-somático”. No primeiro, decidindo “friamente” pela razão, teria que  analisar formalmente   todas opções de decisão possíveis  e suas consequências penetrando em novos níveis, à medida que as decisões escolhidas desdobram-se em um outro leque de opções possíveis. Esse cálculo, mesmo em uma decisão aparentemente simples necessita  da criação contínua de mais e mais cenários  e  também da criação  contínua de narrativas verbais  que acompanham estes cenários e são essenciais à inferência lógica.

Damásio conclui que esta forma de raciocínio puramente lógico não funcionaria. Por quê?   Porque a pessoa perderia em sua memória as incontáveis variáveis necessárias  para as diversas comparações. A atenção e a memória de trabalho humanas possuem uma capacidade restrita.



João Leite nº15 12ºB

Cognição Social

A cognição social é o conjunto de processos cognitivos que estão na base do modo como encaramos os outros, a nós próprios e à forma como interagimos. A forma como o contexto social influencia os pensamentos, afeta as opiniões que formamos e aforma como reagimos. Alguns processos de cognição social são: impressões, expectativas, atitudes e representações sociais.

·     Impressões: são as imagens ou ideias formadas a partir de características decorrentes do primeiro encontro, que naquela situação nos levam a avaliar a pessoa.

 
Toda esta informação é difícil de armazenar, deste modo recorremos ao processo de categorização, ou seja, ao agrupamento de objetos, pessoas ou situações em diferentes classes, segundo as suas diferenças ou semelhanças. É um processo psicológico que ordena o ambiente, ou seja, permite simplificar a complexidade do mundo.

 
 
Existem três tipos de avaliação: a avaliação afetiva, se gostamos ou não de uma pessoa; a avaliação moral, se consideramos que a pessoa tem um carater bom ou mau; e a avaliação instrumental, se a pessoa é competente ou incompetente em relação a uma dada tarefa.
 
Na base da formação das impressões estão: indícios físicos, por exemplo, a cor dos olhos ou a altura de uma pessoa; indícios verbais, por exemplo, se a pessoa utiliza um bom vocabulário, ou possui algum sotaque especifico de uma determinada região; indícios não-verbais, por exemplo, a forma como uma pessoa se veste ou os gestos que faz enquanto que se expressa verbalmente; e indícios comportamentais, ou seja, o conjunto de comportamentos observados, que nos permitem classificar a pessoa.

Por vezes de uma caraterística captada de uma pessoa tendemos a generalizar para as restantes, tentamos confirmar a impressão formada (“efeito de halo”). Por exemplo, um bom vendedor  de uma empresa é promovido para a gerência da mesma e não se adequa ao cargo, deste modo a empresa fica sem um bom vendedor e igualmente sem um gerente.
 
 
·     Expectativas:  A partir da primeira imagem apreendemos caraterísticas que irão criar expectativas, pois estas são modos de caraterizar as pessoas, prevendo os seus comportamentos e atitudes. Por exemplo, se entrarmos num local onde esteja a decorrer uma cerimónia de casamento e virmos alguém vestido de preto, concluímos que é um convidado. A partir desta categorização desenvolvemos expectativas relativamente ao seu comportamento e atitudes. Neste processo podemos identificar duas operações: a indução e a dedução: através da indução passamos da perceção da roupa preta para a inclusão da pessoa na categoria de convidado; pela dedução, depois de reconhecer a categoria a que a pessoa pertence, passamos a atribuir-lhe caraterísticas.
 
 
 
As expectativas dependem da sociedade, da história pessoal, dos valores, atitudes e  crenças, uma   pessoas de uma cultura diferente talvez não conclui-se que a pessoa, dos valores, atitudes e crenças, uma pessoa de uma cultura diferente talvez não conclui-se que a mulher vestida de preto era uma convidada, estas também são mutuas, a pessoa com quem interagimos desenvolve, igualmente, expectativas relativamente a nós. Formam-se através do conhecimento dos estatutos dos outros, e a cada estatuto corresponde um determinado papel. Como estatuto compreende-se o conjunto de comportamentos que um indivíduo espera dos outros, por papel entende-se o conjunto de comportamentos que os outros esperam de um indivíduo.
Enumeras pesquisas foram realizadas de modo a verificar de que forma a expectativa dos professores em relação aos alunos melhorava, ou não, os seus resultados. De facto uma perspetiva positiva dos professores levava a um melhor desempenho escolar, produzindo assim o que podemos denominar de autorrealização das profecias ou "efeito de Pigmalião".
 
 
 
 
·     Atitudes: As atitudes são predisposições relativamente estáveis que levam uma pessoa a reagir de forma favorável ou desfavorável, em relação a um objeto social. Permitindo-nos assim organizar, interpretar e processar as informações. É então este o processo que explica que diferentes pessoas interpretem de maneiras diferentes uma mesma situação, como por exemplo, a forma distinta como os adeptos de duas equipas de futebol encaram um mesmo jogo de futebol.
Nas atitudes distinguem-se três componentes: a componente cognitiva, corresponde às crenças, às ideias, às informações sobre um determinado objeto social, ou seja, aquilo que pensamos saber sobre o mesmo; a componente afetiva, é um elemento de caracter afetivo ou valorativo, um conjunto de valores e emoções, positivas ou negativas; e a componente comportamental, refere-se ao resultado das interações estabelecidas entre os elementos cognitivos e afetivos. É uma predisposição ou intenção relativamente ao que pretendemos fazer ou dizer, isto é, da tendência para reagir e atuar de dada forma.
 
 

As atitudes não são diretamente observáveis, inferem-se através dos comportamentos, tal como podemos inferir as ações de uma pessoa através das suas atitudes. Estas não são inatas, vão sendo formadas ao longo do processo de socialização, sendo influenciadas pelos familiares, grupo de pares, escola e pelos meios de comunicação social.
O psicólogo social, Leon Festinger, elaborou uma investigação que o levou à teoria da dissonância cognitiva. A dissonância cognitiva consiste no desagradável sentimento que ocorre quando uma pessoa possui duas atitudes opostas, que não de adequam.



·       Representações sociais: Por último, as representações sociais, são o conjunto das crenças, das explicações, das ideias comuns aos elementos de uma determinada sociedade, são partilhadas e aceites coletivamente, resultando das interações socias. Estas possibilitam a comunicação e a compreensão entre os membros de um grupo.
Na origem das representações sociais podemos identificar dois processos: a objetivação e ancoragem. A objetivação é o processo através do qual representações mais complexas se tornam mais simples. A realidade passa a ser explicada de forma mais comunicável, precisa e simples. A ancoragem completa a objetivação e corresponde à incorporação das imagens criadas através da objetivação na mentalidade coletiva.
As representações sociais estão marcadas pela cultura e pela sociedade de cada época.
      
 
As funções das representações sociais são: a função de saber, dá uma explicação e um sentido à realidade, servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e desenvolverem ações concretas sobre o real; a função de orientação, é um guia para os comportamentos; a função identitária, permite ao indivíduo construir uma identidade social, distinguindo o grupo que as produz dos outros grupos; e a função de justificação, permite aos indivíduos explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.
 
                                                                                                                    Filipa Gonçalves nº2