domingo, 25 de maio de 2014

Competências básicas da mãe e do bebé


A comunicação entre o bebé e as figuras parentais faz-se através de um conjunto de trocas de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional. A qualidade desta relação depende da capacidade dos cuidadores responderem adequadamente aos estados emocionais do bebé, a este tipo de comunicação designa-se por regulação mútua.
O bebé não é um ser passivo que se limita a receber os cuidados dos adultos, mas sim ativo que emite sinais daquilo que pretende e que responde com agrado ou desagrado ao tratamento disponibilizado.
O choro, o sorriso, as expressões faciais e as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação.
 
·        O sorriso desencadeia confiança e afeto reforçando os adultos a satisfazer o bebé. Os sorrisos dados á nascença, depois de comer ou a dormir são sorrisos automáticos, reflexos e involuntários. Segundo rene spitz, só a partir de meio ano é que os bebés sorriem para as pessoas que conhece sendo designado por sorriso social.
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                O choro é o meio mais eficaz para manifestar uma necessidade ou mal estar. Havendo vários padrões de choros (fome, dor, raiva, medo ..)

·         A tristeza, o medo, a raiva, a alegria, a surpresa … são emoções que se podem manifestar através de expressões faciais que têm um valor comunicacional porque transmitem uma mensagem que têm a expectativa de uma resposta.

·         Os bebés desde muito cedo emitem sons vocais como resposta ás vocalizações dos adultos. Chama-se lalação ao tipo de emissões vocais produzidas que se caracterizam fundamentalmente por cadeias de sílabas repetitivas: ta, ta, ta , pa, pa, pa … as vocalizações não são respostas adquiridas pois verifica-se em crianças surdas á nascença também as produzem, mas sim vocalizações que vão evoluindo para forma de conversa.

Ou seja os bebés estão dotados de um conjunto de estratégias, de competências que lhes permite enviar sinais para os adultos que, por sua vez, estão predispostos a responder-lhes. Este processo tem um valor adaptativo dado que leva a que as necessidades fisiológicas e psicológicas sejam satisfeitas.



Competências básicas da mãe

Uma interação equilibrada exige que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos pelo bebé e que responda de forma apropriada. Se o bebé obtém o que precisa, reagira com alegria se não obtém manifestará ansiedade e frustração.
O bebé mantem uma relação privilegiada com a mãe, que oscila entre a confiança e a desconfiança, este conhecimento emocional proporciona uma confiança básica que serve então de apoio a outras vinculações e permite à criança tornar-se independente.

Wilfred Bion-Sugere o modelo continente-conteúdo para contextualizar a relação mãe-bebé em que o bebé vivencia medos, emoções, angustia … o que designa-se por conteúdo e  a mãe o continente, isto é, a depositária dos sentimentos contraditórios vividos pelo filho.
Uma boa mãe continente é aquela que absorve do bebé todos os seus sentimentos negativos transformando-os em sentimentos positivos fazendo com que o bebé se sinta bem e seguro. A identificação do bebé com essa mãe continente estrutura uma relação de harmonia essencial para o equilíbrio psicológico presente e futuro.

A relação mãe-bebé inicia-se muito antes do nascimento, quando a mulher descobre que está gravida, durante o período de gestação e os primeiros tempos após o nascimento do bebé.

Durante a gravidez, desencadeia-se um conjunto de suposições, fazem-se projetos relativamente à criança, que vão desde os simples ao mais longínquo. Fazem com que muitas mulheres falem com o seu bebé ainda antes do nascimento, que lhe contem episódios da sua vida quotidiana ou que partilhem com ele os projetos que têm para o seu futuro. Constrói-se assim um vínculo a um bebé imaginário que se ajustará, após nascimento, ao bebé real.

                                                                                                                  Isabel Leite

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