quarta-feira, 21 de maio de 2014




Processos Cognitivos



Cognição consiste no conhecimento humano e animal sob diferentes formas: percepção, aprendizagem, memória, consciência, atenção e inteligência;  é o conjunto de mecanismos pelos quais um organismo adquire informação, a trata, a conserva, a explora; designa também o produto mental destes mecanismos, quer seja encarado de um modo generalizado quer a propósito de um caso particular.


 Percepção:
A percepção é um processo cognitivo através do qual contactamos com o mundo, que se caracteriza por exigir a presença da realidade a conhecer. Pela percepção, organizamos e interpretamos as informações sensoriais. Por isso, a percepção começa nos órgãos receptores (sensoriais) que são sensíveis a estímulos específicos. Ao processo de detecção e recepção dos estímulos recebidos chama-se sensação.
As sensações são meras traduções, captações de estímulos, a percepção exige um trabalho de análise e síntese. Enquanto que a sensação é a experiência simples dos estímulos, a percepção envolve a interpretação das informações sensórias recebidas.
 A nossa percepção do mundo é subjectiva, na medida em que percebemos o meio que nos rodeia em função dos nossos conhecimentos adquiridos, necessidades, interesses, valores, expectativas e experiências passadas. É importante perceber que não percepcionamos de uma forma neutra e objectiva, mas antes individual, parcial e subjectiva. E é devido a esta última característica que a percepção nos permite antecipar acontecimentos e prever comportamentos, o que nos permite prepararmo-nos para eles.
Por outro lado, a motivação e os estados emocionais de cada um têm grande influência na percepção que o indivíduo tem da realidade numa dada situação, por exemplo, o nervosismo e o medo implicam, regularmente, uma distorção e ampliação de factos que nos é incontrolável.
Também o interesse que os acontecimentos e assuntos nos despertam é importante para a percepção já que os estímulos perceptivos são seleccionados pela nossa atenção e, por isso, tendemos a adquirir mais conhecimentos nas áreas que mais nos fascinam.


Percepção social:
Percepção social é o processo que está na base das interacções sociais, ou seja, o modo como conhecemos os outros, analisamos os seus comportamentos e entendemos os seus perfis. É o modo como percepcionamos as situações sociais e o comportamento dos outros que orienta o nosso próprio comportamento. Por isso, podemos afirmar que a percepção social está inteiramente relacionada com os grupos sociais, a cultura e o contexto social do indivíduo.
A predisposição perceptiva mostra-nos que os indivíduos e os grupos sociais atribuem significados particulares à realidade física, reconstruindo-a e, muitas vezes, percebendo situações de modo diferente. Um exemplo disso, é o efeito dos estereótipos e dos preconceitos na percepção.

Memória.
A memória pode ser entendida como o registo de todas as experiências existentes na consciência, bem como a qualidade, extensão e precisão dessas lembranças. A memória é a capacidade do cérebro em armazenar, reter e recordar a informação. Representa, então, duas funções fundamentais: a capacidade de fixar, o que permite o acréscimo de novas informações, e a capacidade de reproduzir, através da qual os conhecimentos são revividos e colocados à disposição da consciência.
A memória é um fenómeno biológico e psicológico, dependente da interacção entre vários sistemas cerebrais como o lobo temporal, a amígdala e o córtex pré-frontal.
A memória está na base de todas as funções psíquicas: da percepção, da aprendizagem, da imaginação, do raciocínio, etc.
A memória humana é limitada na sua capacidade de armazenamento e afectada pelos sentimentos, emoções, experiências, imaginação e, ainda, pelo tempo.
                                                                         

Processos de memória.
A codificação é a primeira operação da memória. Prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Traduz os dados recebidos em códigos visuais, acústicos ou semânticos. Quando queremos memorizar algo, agimos em função de uma aprendizagem deliberada que nos exige mais atenção e, como tal, uma codificação mais profunda.
Depois de codificada, a informação deve ser armazenada, o que acontece por um período variável. Cada elemento de uma memória é guardado em várias áreas cerebrais. Engramas são traços mnésicos resultantes das modificações no cérebro que ocorrem para o armazenamento.
 Cada engrama produz modificações nas redes
neuronais que permitem a recordação do que se memorizou sempre que necessário.
O processo de fixação é complexo e a informação que se armazena está sempre sujeito a modificações, o que implica que, para que ela se mantenha estável e permanente, seja necessário tempo.
A recuperação é, como o nome indica, a fase em que recuperamos, recordamos, reproduzimos a informação anteriormente guardada.


Memória de curto prazo.
A memória a curto prazo está presente no hipocampo. É uma memória que retém a informação durante um tempo curto limitado, a partir do qual pode ser esquecida ou promovida para a memória a longo prazo. Distinguem-se a memória imediata e a memória de trabalho:
A memória imediata é aquela que retém a informação apenas por uma fracção de tempo (30segundos). Normalmente, conseguimos reter até sete unidades de informação: sete dígitos, sete letras.
A memória de trabalho acontece quando mantemos a informação enquanto ela nos é útil, por exemplo quando repetimos um nome ou um número várias vezes porque não o pudemos escrever.


Memória de longo prazo.
Há dois tipos de memória de longo prazo: a memória não declarativa e a declarativa.
A memória não declarativa é automática, retém as informações do género “como fazer?”. É o exercício, a repetição do conjunto de práticas que tornam a actividade automática. Só conseguimos atingir este tipo de memória através da acção. Explicar como andar de bicicleta é muito complicado, a tendência é sempre exemplificar. Para isso, não é preciso localização temporal, reflexão ou reconhecimento a não ser que nos seja perguntada alguma referência. Memória não declarativa é também chamada memória implícita ou sem registo.
A memória declarativa, explícita ou com registo, implica consciência do passado, do tempo, de experiências vividas, de acontecimentos e pessoas. Esta memória lida com conteúdos que podem ser declarados, ou seja, transpostos para palavras. Dentro desta memória, podemos ainda separar a memória episódica da semântica.
A memória episódica é constantemente associada a memória autobiográfica exactamente porque se reporta a lembranças da vida pessoal. Envolve rostos de pessoas, músicas, factos, experiências. É pessoal e manifesta uma relação íntima entre quem recorda e o que se recorda.
A memória semântica permite identificar objectos e conhecer o significado das palavras. Refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo: leis, factos, fórmulas, regras. Não há localização no tempo, não há ligação com qualquer acção ou conhecimento específico.

Relacionar memória e esquecimento.
A memória é selectiva e limitada na sua capacidade de armazenamento. Por isso, o esquecimento é condição essencial ao normal funcionamento da memória.
Podemos definir esquecimento como a incapacidade de recordar, de recuperar dados, informações, experiências que foram memorizadas no passado. O esquecimento pode ser provisório ou definitivo. Apesar de estar carregado de uma imagem negativa, o esquecimento é essencial. Só continuamos, ao longo de toda a vida, a memorizar informação porque conseguimos esquecer outra. O esquecimento está, normalmente, mais relacionado com a memória a longo prazo uma vez que, na memória a curto prazo, o tempo de retenção da informação é demasiado curto: esta ou passa para a memória a longo prazo ou é apagada.




Caracterizar a aprendizagem.
Aprendizagem é uma modificação relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos.
No entanto, é preciso notar que nem todas as mudanças de comportamento resultam da aprendizagem. Alguns comportamentos actualizam-se naturalmente sem necessidade de aprendizagem porque fazem parte da matriz genética. São eles, por exemplo: respirar ou digerir. Outras resultam de problemas físicos.
A aprendizagem é um processo cognitivo que nos humaniza, sendo essencial na adaptação ao meio.

Aprendizagem significativa
A aprendizagem significativa é um conceito importante na teoria da aprendizagem apresentada por David Ausubel. Segundo o psicólogo da educação americano, a aprendizagem significativa implica que os novos conteúdos aprendidos pelo aluno são organizados e formam uma hierarquia de conceitos, e se relacionam com o conhecimento previamente interiorizado pelo aluno.

Aprendizagem organizacional
A aprendizagem organizacional consiste na aprendizagem absorvida por uma organização, ou seja, é a obtenção de conhecimentos que capacitam a empresa a criar práticas que a ajudarão a alcançar os resultados pretendidos. A aprendizagem de conhecimentos, valores e habilidades pode acontecer dentro ou fora do contexto da organização, de forma direta ou indireta, e contribui para o sucesso da organização.

Aprendizagem motora
A aprendizagem motora acontece quando certos processos cognitivos estão ligados a uma prática de movimentação e que causa uma alteração constante no comportamento motor de um determinado indivíduo.

A aprendizagem associativa exige a associação de estímulos e respostas. Divide-se em condicionamento operante e clássico.
O condicionamento clássico refere-se a uma forma de aprendizagem chamada reflexo condicionado. Um estímulo que não provoque qualquer reacção, depois de associado a outro estímulo que provoque resposta, passa, por si só, a provocar a resposta do segundo. Ou seja, uma campainha não provoca qualquer reacção num homem. Mas se a campainha for associada à passagem do comboio numa linha férrea, a pessoa só com o sinal da campainha passará a parar e a esperar pelo comboio.
Estímulo neutro: estímulo que antes do condicionamento (associação) não produz qualquer resposta.
Estímulo não condicionado: estímulo que desencadeia uma resposta apreendida.
Resposta incondicionada: resposta ao estímulo incondicionado.
Estímulo condicionado: estímulo neutro associado ao estímulo incondicionado.
Resposta condicionada: resposta incondicionada que depois do condicionamento passa a seguir-se ao estímulo neutro.
No condicionamento clássico, o sujeito é passivo porque não depende da vontade dele.
O condicionamento operante envolve uma consequência positiva – reforço – que impulsiona a aprendizagem de um determinado elemento. Ou seja, o reforço é o estímulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. Se for positivo, é um estímulo que se segue a um determinado comportamento e que tem consequências positivas. Se for negativo, a resposta evita um determinado acontecimento negativo, doloroso. Se se responder ao estímulo, não acontece uma determinada situação negativa.


Cátia Pinto

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