A memória e o esquecimento
É a nossa memória que retém os conhecimentos,
sentimentos, experiencias e assim assegurando-nos a nossa identidade pessoal.
Esta é essencial á nossa sobrevivência pois permite-nos captar, guardar e
atualizar a informação necessária para responder às advertências e aos desafios
resultantes do meio. Assim, podemos afirmar que tudo aquilo que fomos, somos e
seremos depende, em grande parte da nossa memória.
“A nossa memória é a nossa coerência, a nossa
razão, o nosso sentir, até as nossas ações. Sem memória não somos nada...” Luís
Buñuel
A memória é um conjunto de processos cognitivos e
estruturas que funciona como um espaço de arrumação e como qualquer espaço de
arrumação necessita de novos espaços para armazenar novas informações, isto é,
ao longo da nossa vida as memorias e representações armazenam informação que
podem ou não ser duradouras. O cérebro classifica as diversas informações como
sendo relevantes ou irrelevantes, eliminando assim as irrelevantes para dar
lugar a outras (esquecimento).
A informação retida pelos órgãos dos sentidos passa por
alguns complexos processos:
❶ Codificar
a informação;
→ Tradução de dados num código, podendo este ser visual, acústico ou semântico;
❷ Armazenar
a informação;
→ Como e onde se processa o armazenamento da informação é uma das questões mais
inquietantes no estudo da memória. Cada um dos elementos que constituem uma memória
de um acontecimento é registada em várias áreas cerebrais.
❸
Recuperar a informação no processo de interpretação;
→ Lembramo-nos, recordamos e evocamos uma informação. (reconhecimento)
As informações que retemos variam muito quanto á duração
que estas têm na nossa mente. É aqui que a memória se divide em dois tipos,
quanto ao tempo que estas perduram no cérebro: a memoria a curto prazo e a
memoria a longo prazo.
A memória a curto prazo é uma memória imediata, podendo
ser esquecida ou transformada em memória a longo prazo. Distinguem-se assim
duas componentes:
│Memória Imediata│
memoria retida durante uma pequena fração de tempo (cerca de 30seg)
│Memória de Trabalho│
o tempo que uma memória imediata alonga-se por mais do que a fração de tempo
(cerca de 30seg) através de uma repetição mental da informação.
A memória imediata e a memória de trabalho são assim complementares,
formando a memoria a curto prazo.
A memória a longo prazo é alimentada pelas informações de
memórias a curto prazo. Este tipo de memória retém os materiais durante meses,
anos ou para toda a vida. Aqui, tal como na memória a curto prazo,
distinguem-se dois tipos de memória, que dependem de diferentes estruturas
cerebrais: a memória declarativa e a memória não declarativa.
Memoria Não Declarativa → memória automática, memória implícita
ou sem registo, responsável por manter informações relacionadas com uma anterior
aprendizagem de atividades e por vezes até mais complexas (por exemplo: como
pentear o cabelo ou como conduzir um carro).
Memória Declarativa → memória explícita ou memória com registo
implica consciência do passado, do tempo e de acontecimentos (aniversários,
nomes de pessoas…). Distinguem-se ainda neste tipo dois subsistemas: a memória episódica
(recordações, factos e experiencias pessoais) e a memória semântica (conhecimento
global sobre o mundo)
Um outro tipo de memória é a memória construída. Esta consiste
na representação de uma realidade interior pois a nossa memória não funciona
como uma fotografia fiel. Isto é, qualquer memória/recordação não é totalmente fiável
o que por vezes pode ser afetada por fatores exteriores como experiencias
associadas á recordação, podendo ser negativas ou positivas e ainda por emoções
e afetos. Este fatores vão mudar a forma como nos guardamos a informação de
determinados acontecimentos com este fatores relacionados e altera também a
forma como a relembramos/evocamos. A realidade exterior ausente pode então ser substituída
por uma realidade interior mantida pela memória, que foi entretanto modificada.
Cristiana Lopes nº11
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