quinta-feira, 3 de abril de 2014



A memória e o esquecimento
É a nossa memória que retém os conhecimentos, sentimentos, experiencias e assim assegurando-nos a nossa identidade pessoal. Esta é essencial á nossa sobrevivência pois permite-nos captar,  guardar e atualizar a informação necessária para responder às advertências e aos desafios resultantes do meio. Assim, podemos afirmar que tudo aquilo que fomos, somos e seremos depende, em grande parte da nossa memória.

   “A nossa memória é a nossa coerência, a nossa razão, o nosso sentir, até as nossas ações. Sem memória não somos nada...” Luís Buñuel 

A memória é um conjunto de processos cognitivos e estruturas que funciona como um espaço de arrumação e como qualquer espaço de arrumação necessita de novos espaços para armazenar novas informações, isto é, ao longo da nossa vida as memorias e representações armazenam informação que podem ou não ser duradouras. O cérebro classifica as diversas informações como sendo relevantes ou irrelevantes, eliminando assim as irrelevantes para dar lugar a outras (esquecimento).


A informação retida pelos órgãos dos sentidos passa por alguns complexos processos:
      Codificar a informação;
               → Tradução de dados num código, podendo este ser visual, acústico ou semântico;
      Armazenar a informação;
                → Como e onde se processa o armazenamento da informação é uma das questões mais inquietantes no estudo da memória. Cada um dos elementos que constituem uma memória de um acontecimento é registada em várias áreas cerebrais.

    
     Recuperar a informação no processo de interpretação;
               → Lembramo-nos, recordamos e evocamos uma informação. (reconhecimento)
As informações que retemos variam muito quanto á duração que estas têm na nossa mente. É aqui que a memória se divide em dois tipos, quanto ao tempo que estas perduram no cérebro: a memoria a curto prazo e a memoria a longo prazo. 
A memória a curto prazo é uma memória imediata, podendo ser esquecida ou transformada em memória a longo prazo. Distinguem-se assim duas componentes: 

     │Memória Imediata│ memoria retida durante uma pequena fração de tempo (cerca de 30seg)

     │Memória de Trabalho│ o tempo que uma memória imediata alonga-se por mais do que a fração de tempo (cerca de 30seg) através de uma repetição mental da informação. 

A memória imediata e a memória de trabalho são assim complementares, formando a memoria a curto prazo.

A memória a longo prazo é alimentada pelas informações de memórias a curto prazo. Este tipo de memória retém os materiais durante meses, anos ou para toda a vida. Aqui, tal como na memória a curto prazo, distinguem-se dois tipos de memória, que dependem de diferentes estruturas cerebrais: a memória declarativa e a memória não declarativa.

Memoria Não Declarativa → memória automática, memória implícita ou sem registo, responsável por manter informações relacionadas com uma anterior aprendizagem de atividades e por vezes até mais complexas (por exemplo: como pentear o cabelo ou como conduzir um carro).

Memória Declarativa → memória explícita ou memória com registo implica consciência do passado, do tempo e de acontecimentos (aniversários, nomes de pessoas…). Distinguem-se ainda neste tipo dois subsistemas: a memória episódica (recordações, factos e experiencias pessoais) e a memória semântica (conhecimento global sobre o mundo)


Um outro tipo de memória é a memória construída. Esta consiste na representação de uma realidade interior pois a nossa memória não funciona como uma fotografia fiel. Isto é, qualquer memória/recordação não é totalmente fiável o que por vezes pode ser afetada por fatores exteriores como experiencias associadas á recordação, podendo ser negativas ou positivas e ainda por emoções e afetos. Este fatores vão mudar a forma como nos guardamos a informação de determinados acontecimentos com este fatores relacionados e altera também a forma como a relembramos/evocamos. A realidade exterior ausente pode então ser substituída por uma realidade interior mantida pela memória, que foi entretanto modificada.

                                                                                                                              Cristiana Lopes nº11

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