As memórias são extremamente importantes para a nossa individualidade. Aquilo que cada um de nós recorda é diferente daquilo de que os outros se lembram, mesmo no que diz respeito a situações em que estivemos juntos. No entanto, apesar da individualidade das nossas memórias, todos nós recordamos eventos, factos, emoções e desempenhos – alguns por um período curto, outros para toda a vida. O cérebro possui múltiplos sistemas de memória, com diferentes características e envolvendo diferentes redes neuronais. Sabe-se agora que a formação de novas memórias depende da plasticidade sináptica, conforme descrito no último capítulo, mas ainda não conhecemos bem os mecanismos neuronais envolvidos na recordação.
Apesar de todos nós nos queixarmos de falhas de memória, na maior
parte dos casos a memória é até bastante boa. Falhas mais sérias de
memória ocorrem quando a idade avança ou quando surgem alguns
tipos de doenças neurológicas. Podemos tentar melhorar a nossa memória,
mas isto pode ser conseguido à custa de recordar coisas esquecendo outras.
Apesar de todos nós nos queixarmos de falhas de memória, na maior
parte dos casos a memória é até bastante boa. Falhas mais sérias de
memória ocorrem quando a idade avança ou quando surgem alguns
tipos de doenças neurológicas. Podemos tentar melhorar a nossa memória,
mas isto pode ser conseguido à custa de recordar coisas esquecendo outras.
A organização da memória
Não existe nenhuma área cerebral individual dedicada a armazenar toda a informação que aprendemos. A memória de trabalho armazena no cérebro informação consciente por um curto período de tempo. O armazenamento passivo de maior quantidade de informação é designado memória de longa duração.
Memória de Trabalho
Memória de trabalho
Tal como folhas de notas numa secretária para escrever nomes ou números de telefone que é necessário recordar por um breve período, o cérebro tem um sistema para lidar e trabalhar muito eficientemente com um pequeno volume de informação. Usamos este sistema para lembrar as palavras o tempo suficiente para interpretar o seu significado durante uma conversa, para fazer cálculos aritméticos mentais, e para lembrar, por exemplo, onde recentemente pousámos as chaves. A eficiência é uma das suas características centrais – uma característica conseguida à custa de uma capacidade limitada e pouco duradoura. Pode dizer-se que
nos lembramos de 7 ± 2 objectos ou assuntos armazenados na nossa memória de trabalho; este é um dos motivos para que a maioria dos números de telefone não ultrapasse os 7 ou 8 dígitos (sem indicativos). Um bom desempenho da memória de trabalho é essencial.
Memória de longa duraçãoA memória de longa duração também está subdividida em diferentes sistemas localizados em redes
dispersas pelo cérebro. Diferentes redes realizam tarefas bastante distintas. De um modo lato, a informação entra por sistemas sensoriais e depois é transmitida por vias progressivamente mais especializadas. Por
exemplo, a informação que entra pelo sistema visual é transmitida pela chamada “via ventral” do córtex estriado até ao lobo temporal médio, através de uma cascata de redes. Estas, identificam a forma, cor e identidade de objectos, quer seja o objecto familiar ou não, até que algum tipo de memória é
formada sobre o objecto em particular, e onde e quando ele foi visto. Existem várias alternativas na análise desta cascata. Primeiro, existem áreas do córtex que extraem uma representação perceptual daquilo que vemos. Este processo é útil para armazenar e posteriormente reconhecer coisas do ambiente envolvente. A nossa capacidade de identificar em caricaturas as pessoas que nos são familiares, tais como políticos, reflecte o funcionamento deste sistema. Outro sistema muito relacionado é a memória semântica – o grande armazém de conhecimento factual que todos nós usamos para acumular informação sobre o mundo. Sabemos que Paris é a capital de França, que o DNA codifica informação genética com base na sequência de pares de bases, etc.
Estes factos estão organizados em categorias. Isto é fundamental para a recordação de memórias, pois a busca dos elementos armazenados processa-se em diagramas ramificados no armazém das memórias, de modo a encontrar as coisas com eficiência. Se a memória semântica fosse organizada do mesmo modo que muitas pessoas organizam as coisas no sótão das suas casas – bastante desarrumado – seria um problema terrível para recordar qualquer coisa. Felizmente, o cérebro organiza a informação por categorias, sendo por isso muito importante ter um bom professor para nos ensinar a arrumar nos nossos cérebros as coisas complicadas que aprendemos. De facto, os melhores professores edificam estas estruturas na mente dos seus alunos, sem grande esforço.
Cátia Pinto nº10 AESCV
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