segunda-feira, 26 de maio de 2014

Estrutura da relação do bebé com a mãe


Experiência de Mary Ainsworth  “Situação Estranha”


Mary Ainsworth é uma psicóloga canadiana que trabalhou com Bowlby que desenvolveu a teoria da vinculação. Deste modo, procurou testar a base segura entre um progenitor e o seu bebé, ou seja, se a relação com os pais gera segurança (o que faz com que o bebé sinta que a relação se mantém para além da separação), o que permetirá que a criança sinta-se mais livre para explorar e estabelecer outras relações. Para aprofundar a sua investigação, recorre ao procedimento experimental “Situação Estranha”, onde regista o efeito da separação e do reencontro dos bebés com a sua mãe.



  “Situação Estranha”:


1- A mãe e o bebé vão para uma sala com brinquedos para entreter o bebé;
2- Entra uma pessoa estranha e junta-se a elas;
3- A mãe sai da sala e o bebé fica sozinho com a pessoa estranha;
4- Passados uns minutos a pessoa sai e o bebé fica sozinho;
5- A pessoa estranha regressa para junto do bebé;
6- A mãe regressa para junto do bebé





Nesta experiência, a investigadora encontrou três categorias de vinculação:

  •  vinculação evitante (20-25% das crianças): a criança mostra-se indiferente à partida e ao regresso da mãe.
  • vinculação ambivalente/resistente(10-15% das crianças): a criança demonstra ansiedade antes da mãe sair, perturbação quando ela sai e hesita aproximar-se e afastar-se quando ela regressa. É insegura e ansiosa; chora muito e explora pouco o meio.
  •  vinculação segura (cerca de 65% das crianças): a criança chora e protesta quando a mãe sai, mas procura contacto físico quando ela regressa, ficando calmaMostra satisfação pela presença da mãe e explora o meio.


 A vinculação segura seria de carácter mais adaptativo, uma vez que  o bebé deposita a sua confiança na mãe, tendo mais probabilidades de se aventurar, de experimentar, de ser autónomo e de se desenvolver de forma saudável.


Pesquisas de Harry F. Harlow

Harlow investigou os efeitos da ausência da mãe em macacos Rhesus, cujas experiências demonstraram a importância dos cuidados, do conforto e do amor nas primeiras etapas do desenvolvimento. 

As suas experiências laboratoriais consistiram na criação de duas “mães” artificiais (imitação de uma macacos Rhesus), uma feita com armação de arame e a outra, também de armação de arame, mas forrada com um pano felpudo e macio. As duas mães forneciam alimento através de um biberão.



Harlow concluiu que tanto a mãe de ferro como a de pano cumpriam o seu papel de alimentadoras, visto que os macacos bebés desenvolviam-se ao mesmo ritmo, quer tenham sido alimentados por uma ou pela outra.

Porém, observou que os macacos bebés preferiam as “mães” de pano, pois passavam a maior parte do tempo agarrados a elas. Além disso, perante uma situação que gerava medo eles procuravam o contacto físico com a mãe de pano, o que não acontecia se estivesse presente apenas a mãe de ferro.



Além disso, perante uma situação com estímulos e ambientes novos, na presença da “mãe” confortável, as reacções de medo e de se agarrar, davam lugar à exploração curiosa dos objectos, com retorno regular à “mãe” para recuperar a segurança. Contudo, na sua ausência, os macacos ficavam paralisados pelo medo não explorando o ambiente. Este comportamento também acontecia com a presença da” mãe de arame”, mesmo em crias criadas na sua presença, ou seja, esta mãe não é capaz de lhes transmitir segurança. 





Numa outra experiência, em que só a mãe de arame alimentava a cria, esta mantinha-se agarrado à mãe de peluche e apenas recorria à de arame para se alimentar. 



Posteriormente, Harlow procurou avaliar os efeitos nos bebés macacos criados sem qualquer contacto isolando-os. Verificou que, quando os períodos de tempo eram longos, os animais encostavam-se no fundo da jaula, balançavam-se, abraçavam-se a si próprios e mordiam-se. Além disso quando eram postos em contacto com outros macacos fugiam de qualquer contacto e quando chegavam à fase adulta o seu comportamento sexual estava afectado bem como a capacidade de cuidar das suas crias, chegando a maltratá-las em muitos casos.



Os resultados das experiências permitiram concluir que:
  • O vínculo entre mãe e cria estava mais relacionado com o contacto físico e o conforto do que com a alimentação.
  • O contacto físico mostrou-se essencial para o estabelecimento de uma relação que transmitia segurança às crias.



Ana Valente nº4

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