Experiência de Mary Ainsworth “Situação Estranha”
Mary Ainsworth é uma psicóloga canadiana que trabalhou com
Bowlby que desenvolveu a teoria da vinculação. Deste modo, procurou testar a base segura entre um progenitor e o
seu bebé, ou seja, se a relação com os pais gera segurança (o que faz com que o
bebé sinta que a relação se mantém para além da separação), o que permetirá que a criança sinta-se mais livre para explorar e estabelecer outras relações. Para aprofundar a sua
investigação, recorre ao procedimento experimental “Situação Estranha”, onde
regista o efeito da separação e do reencontro dos bebés com a sua
mãe.
“Situação
Estranha”:
1-
A mãe
e o bebé vão para uma sala com brinquedos para entreter o bebé;
2-
Entra uma pessoa estranha e junta-se a elas;
3- A
mãe sai da sala e o bebé fica sozinho com a pessoa estranha;
4-
Passados uns minutos a pessoa sai e o bebé fica sozinho;
5- A
pessoa estranha regressa para junto do bebé;
6- A
mãe regressa para junto do bebé
Nesta
experiência, a investigadora encontrou três categorias de vinculação:
- vinculação evitante (20-25% das crianças): a criança mostra-se indiferente à partida e ao regresso da mãe.
- vinculação ambivalente/resistente(10-15% das crianças): a criança demonstra ansiedade antes da mãe sair, perturbação quando ela sai e hesita aproximar-se e afastar-se quando ela regressa. É insegura e ansiosa; chora muito e explora pouco o meio.
- vinculação segura (cerca de 65% das crianças): a criança chora e protesta quando a mãe sai, mas procura contacto físico quando ela regressa, ficando calma. Mostra satisfação pela presença da mãe e explora o meio.
A vinculação segura
seria de carácter mais adaptativo, uma vez que o bebé deposita a sua confiança na mãe, tendo
mais probabilidades de se aventurar, de experimentar, de ser autónomo e de se
desenvolver de forma saudável.
Pesquisas de Harry
F. Harlow
Harlow investigou os efeitos da ausência da mãe em
macacos Rhesus, cujas experiências demonstraram a importância dos cuidados, do
conforto e do amor nas primeiras etapas do desenvolvimento.
As suas experiências laboratoriais consistiram na criação de
duas “mães” artificiais (imitação de uma macacos Rhesus), uma feita com armação
de arame e a outra, também de armação de arame, mas forrada com um pano felpudo
e macio. As duas mães forneciam alimento através de um biberão.
Harlow concluiu que tanto a mãe de ferro como a de pano
cumpriam o seu papel de alimentadoras, visto que os macacos bebés
desenvolviam-se ao mesmo ritmo, quer tenham sido alimentados por uma ou pela
outra.
Porém, observou que os macacos bebés preferiam as “mães” de
pano, pois passavam a maior parte do tempo agarrados a elas. Além disso, perante
uma situação que gerava medo eles procuravam o contacto físico com a mãe de
pano, o que não acontecia se estivesse presente apenas a mãe de ferro.
Além disso, perante uma situação com estímulos e
ambientes novos, na presença da “mãe” confortável, as reacções de medo e de se
agarrar, davam lugar à exploração curiosa dos objectos, com retorno regular à
“mãe” para recuperar a segurança. Contudo, na sua ausência, os macacos ficavam
paralisados pelo medo não explorando o ambiente. Este comportamento também
acontecia com a presença da” mãe de arame”, mesmo em crias criadas na sua
presença, ou seja, esta mãe não é capaz de lhes transmitir segurança.
Numa outra experiência, em que só a mãe de arame alimentava
a cria, esta mantinha-se agarrado à mãe de peluche e apenas recorria à de arame
para se alimentar.
Posteriormente, Harlow procurou avaliar os efeitos nos bebés
macacos criados sem qualquer contacto isolando-os. Verificou que, quando os
períodos de tempo eram longos, os animais encostavam-se no fundo da jaula,
balançavam-se, abraçavam-se a si próprios e mordiam-se. Além disso quando eram
postos em contacto com outros macacos fugiam de qualquer contacto e quando
chegavam à fase adulta o seu comportamento sexual estava afectado bem como a
capacidade de cuidar das suas crias, chegando a maltratá-las em muitos casos.
Os resultados das experiências permitiram concluir que:
- O vínculo entre mãe e cria estava mais relacionado com o contacto físico e o conforto do que com a alimentação.
- O contacto físico mostrou-se essencial para o estabelecimento de uma relação que transmitia segurança às crias.
Ana Valente nº4
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