Estrutura de relação do bebé com a mãe
A relação que se estabelece entre a
mãe e o bebé após o nascimento deste, é considerada uma das relações mais
privilegiadas em todas as espécies.
Acontece que na espécie Humana esta
ligação é ainda mais especial pelo facto do ser humano ser muito prematuro e
dependente, ele sente uma necessidade de criar e manter relações de proximidade
e afetividade com os outros, ou seja, de se apegar a outros seres humanos para
assegurar a sua proteção e segurança. A este processo damos o nome de vinculação.
Segundo o filósofo contemporâneo,
Fernando Savater: “O ser humano conta com uma programação básica – biológica –
mas deve autoprogramar-se como humano. […] Mesmo comparado com os seus parentes
zoológicos mais próximos, oferece uma sensação de abertura de inacabamento: em
suma, de extrema disponibilidade.”
O que podemos retirar deste excerto
é que o ser humano tem de aprender o que a hereditariedade propicia a outras
espécies mas o facto de se encontrar inacabado, biologicamente desamparado ou
prematuro, faz com que esteja aberto então a múltiplas potencialidades. É por
isso que a prematuridade do ser humano é uma vantagem, pois tal como refere o autor: “ […] oferece uma
sensação de abertura de inacabamento: em suma, de extrema disponibilidade.”
Então a imaturidade biológica do
recém-nascido torna as relações precoces essenciais a sua sobrevivência e
desenvolvimento, fazendo com que estas
se criem de uma forma rápida e instintiva.
Tudo isto predispõe o bebé para o
desenvolvimento de competências relacionais com quem dele cuida sob a forma de
vinculação.
As primeiras fases de vida são
decisivas para o desenvolvimento de uma criança. As relações que estabelece com
o mundo que a rodeia, designadamente através dos pais, asseguram-lhe as
condições para a sua sobrevivência e desenvolvimento, por exemplo, o alimento,
o abrigo, o conforto e a segurança.
O médico e psiquiatra britânico,
John Bowlby desenvolveu uma teoria a
partir de uma hipótese: “ A relação privilegiada que o bebé estabelece com a
mãe é decisiva para o seu desenvolvimento físico e psicológico.”
Os laços que se vão construindo entre a mãe e
o bebé, Bowlby designa-os por vinculação, apego.
Segundo
esta teoria, para assegurar estas relações existiriam esquemas comportamentais
inatos que se manifestariam logo após o nascimento e que permitiam estabelecer
laços com a mãe biológica. Então, chorar, sorrir, mamar, agarrar, seguir com o
olhar, constituiriam os comportamentos que o bebé adotaria para manter a
relação privilegiada com as figuras de vinculação, proteção.
O que podemos concluir é que a nível físico o bebé
pode perfeitamente viver sem a mãe e apegar-se então a quem lhe propicia os
cuidados necessários (por ex: devido a morte da mãe o bebé ser criado com os
avós), mas a nível psicológico provavelmente não será tão estável como uma
criança que teve a oportunidade de estabelecer uma relação materna.
Inês Costa
Inês Costa
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