quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Atitudes e Comportamentos

Frequentemente, na linguagem corrente, o conceito de atitude e de comportamento são equivalentes. No entanto, em psicologia social, estes dois termos têm significados distintos.

Uma atitude consiste numa posição de um agente (individual ou coletivo) perante um determinado objeto (pessoa, grupo, situação ou valor). Por outras palavras, são predisposições adquiridas e relativamente estáveis que levam o indivíduo a reagir de forma positiva ou negativa em relação a um objeto social. Certos sintomas, tais como, palavras, tons, gestos, atos, escolhas ou mesmo a ausência destes, indicam a atitude de um indivíduo relativamente a um assunto em particular. As atitudes permitem-nos interpretar, organizar e processar informações.

Nas atitudes, podem distinguir-se três componentes: cognitiva, afetiva e comportamental. A componente cognitiva é o conjunto de ideias, informações e crenças acerca de um objeto social; ou seja, é o que sabemos ou acreditamos saber acerca de algo. A componente afetiva é o conjunto de valores e emoções (positivas ou negativas) relativamente ao objecto social – é aquilo que sentimos acerca de algo. A componente comportamental advém das duas componentes anteriores. Define-se como o conjunto de reações, de respostas face ao objecto social, ou seja, é o que estamos dispostos a fazer em relação a algo. Esta predisposição depende das crenças e dos valores que se têm em relação ao mesmo.
Portanto, a partir de uma informação ou convicção (componente cognitiva) – “a leitura faz bem ao cérebro” – à qual se atribui um sentimento ou emoção (componente afetiva) – “aprecio a leitura de bons livros” – desenvolve-se um conjunto de comportamentos (componente comportamental) – “desejo de adquirir um livro”.

Exemplificando: uma atitude negativa perante a homossexualidade pode dever-se à crença de que o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo é contranatura (componente cognitiva). Um indivíduo que acredite nisto sente repulsa ao ver um casal homossexual (componente afetiva). Um comportamento associado a esta atitude é a tentativa de convencer os outros a não aceitar este tipo de relacionamento (componente comportamental).

As atitudes não são directamente observáveis. É possível deduzir-se as atitudes através dos comportamentos. Assim, por exemplo, se uma pessoa que não quer que se fume junto a ela, pode-se inferir que ela tem uma atitude negativa perante o tabaco. O contrário também é possível, ou seja, sabendo qual a atitude de um individuo perante um objecto social, inferir os comportamentos associados.

Grande parte dos nossos comportamentos tem atitudes subjacentes. Quanto mais forte, estável, importante e mais facilmente retida pela memória for uma atitude, mais provavelmente afeta um comportamento.


As atitudes formam-se durante o processo de socialização, no meio social onde nos encontramos. A assimilação de atitudes ocorre ao longo da vida, mas tem particular importância na infância e na adolescência. Estão, entre os agentes sociais mais importantes na formação de atitudes, a família, a escola, o grupo de pares e os meios de comunicação social.

Os pais exercem um papel fulcral na formação das primeiras atitudes na criança. A figura parental é o principal ponto de referência para a criança se identificar – são os pais que a criança considera como modelos e a quem tenta imitar.
Atualmente, o papel da escola no que conta a este assunto tem vindo a tornar-se mais proeminente, tendo em conta que a escolaridade obrigatória aumentou nos últimos anos. Na adolescência, em particular, o grupo de pares tem bastante influência nas atitudes de um individuo, pois é com o grupo que ele se identifica.


Os meios de comunicação têm, nos nossos dias, grande influência na formação de novas atitudes. Tendencialmente, somos influenciados por filmes, telenovelas, publicidade.

O ser humano tem tendência para estabilizar as suas atitudes. Isto deve-se sobretudo ao facto de um indivíduo permanecer mais ou menos no mesmo meio social durante toda a sua vida. No entanto, as atitudes não são impossíveis de mudar. Filmes, campanhas, reportagens ou até mesmo publicidade podem modificar o modo como encaramos algo.

A propósito da alteração de atitudes, a campanha Continuamos à Espera tem como temáticas a Saúde Sexual e Reprodutiva, Justiça Social, Igualdade de Género e Oportunidades. A campanha visa alertar para as situações de discriminação e desigualdade que continuam a existir e face às quais não podemos ficar indiferentes nem esperar que a mudança de mentalidade resolvam.


Joana Guimarães


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Estatuto Social & Papel Social

Estatuto social:
Estatuto deriva da palavra latina statutus que significa a situação de um indivíduo, pelas relações – de posição ou hierarquia – em que se encontra face a outros membros do seu grupo social. Esta posição é o resultado de uma avaliação feita pelo seu grupo de pertença e determina certas expectativas de comportamento dos outros face ao estatuto que possuímos (os nossos direitos).

Estabelece-se geralmente uma distinção entre os estatutos adquiridos e os atribuídos:
Estatuto adquirido: o que a pessoa obtém por mérito próprio.
 Ex: a carreira profissional obtém-se cargos mais elevados através das capacidades e aptidões demonstradas pelo individuo. Embora a classe social possa facilitar ou dificultar a obtenção dos novos cargos.

Estatuto atribuído: são aqueles que não fazemos nada para os obter. São os estatutos que escapam ao controlo do individuo.
Ex: idade dá um estatuto, ou não, a uma pessoa, ou seja, quanto mais velho for o individuo, mais importância, ”estatuto” lhe é atribuído.
Papel social:
Papel é o comportamento que os outros esperam de nós em função do estatuto que possuímos (os nossos deveres perante os outros). Estes papéis estão socialmente definidos e são por isso mesmo passíveis de avaliação dos restantes membros dos grupos. O papel depende do estatuto social.
Etnias
As minorias, como ciganos, tem um estatuto inferior, isto é, tem uma menor credibilidade numa comunidade.
Sexo
O sexo do individuo também é um factor importante na atribuição de papéis sociais.




Estatuto social, papel social e modelo social
Estatuto social e papel social estão ligados pelo modelo social e por conseguinte funcionam como direitos e deveres que são reconhecidos por uma comunidade. Esta comunidade espera que um individuo após a aquisição de um novo estatuto actue conforme as expectativas e o ideal que foi criado.
O modelo social depende e muito da sociedade, como tal, altera-se segundo cada sociedade.

 
Papel é o comportamento que os outros esperam de nós em função do estatuto que possuímos (os nossos deveres perante os outros). Estes papéis estão socialmente definidos e são por isso mesmo passíveis de avaliação dos restantes membros dos grupos. O papel depende do estatuto social.

João Leite n15

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Estatuto e Papel

O papel está directamente dependente da posição que ocupamos num determinado grupo, ou seja, do nosso estatuto.

Papel é não só a função que o elemento desempenha no grupo, como também, o comportamento que os outros esperam dele em função do estatuto que possui - os seus deveres perante os outros.
O desempenho síncrono de vários papéis sociais pode gerar conflitos no indivíduo que os desempenha. Há uma luta entre duas motivações que são incompatíveis. Assim, distinguem-se, geralmente, dois tipos de conflitos: conflitos interpapéis - surgem quando um indivíduo desempenha vários papéis de espectativas inconciliáveis. Como por exemplo, o papel que ocupa na família (como pai ou mãe) e no trabalho. Pois se é um trabalho que exige muito tempo e dedicação, o indivíduo terá menos tempo para dedicar à sua família (o que trará problemas aos respectivos membros desse grupo) - ; conflitos intrapapéis - surge quando um único papel requer comportamentos incompatíveis. Como por exemplo, o papel de um médico de uma empresa implica simultaneamente salvaguardar o bem-estar físico dos empregados e minimizar as despesas médicas da empresa empregadora-.

Por outro lado, o estatuto é a situação em que um indivíduo se encontra face a outros membros do seu grupo social. Esta posição determina certas expectativas de comportamento dos outros face ao estatuto que o indivíduo possui. Em suma, pode-se definir estatuto como um conjunto de comportamentos que um indivíduo espera da parte dos outros tendo em conta a sua posição no grupo.
Estabelece-se ainda, uma distinção entre os estatutos adquiridos e os atribuídos: os estatutos atribuídos são impostos a todas as pessoas logo à nascença, como pertencer ao género masculino ou feminino, ou a uma determinada etnia. São estatutos  que o indivíduo adquire sem qualquer tipo de esforço; os estatutos adquiridos são aqueles que o indivíduo possui tendo lutado para a sua obtenção, ou seja, dependem essencialmente do nosso esforço e mérito próprio, da nossa iniciativa e da nossa vontade (profissão, nível de formação académica, conquista de prestígio ou poder).
Sendo assim, podemos concluir que existem vários factores – a idade, o sexo, a profissão, o nível económico, a educação, as habilitações académicas – que determinam o estatuto social.

Papel e Estatuto da mulher na sociedade

A vida social pressupõe expectativas de comportamentos entre os indivíduos, e dos indivíduos consigo mesmos. Essas funções e esses padrões comportamentais variam conforme diversos factores, nomeadamente, o sexo.
Desde os primórdios da humanidade que a mulher tem lutado pelo seu reconhecimento enquanto ser vivo, pelos seus direitos e por uma vida melhor. Antigamente, as mulheres eram usadas como sendo escravas e objectos sexuais. Faziam tudo o que lhes era imposto. Foi a partir da Revolução Francesa, em 1789, que o papel da mulher na sociedade começou a alterar-se. A limitação dos direitos a que estavam submetidas e o facto de serem exploradas fez com que chegassem ao limite. Surgiram assim movimentos inconformistas que defendiam a melhoria das condições de vida, de trabalho, a participação politica, o fim da prostituição, o acesso à instrução e a igualdade de direitos entre os sexos.
Pode-se afirmar que a mulher de hoje tem uma maior autonomia, liberdade de expressão, as suas próprias ideias e posicionamentos outrora sufocados. Por outras palavras, a mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz activa a seu senso crítico. Contudo, ainda não há igualdade de salários, mesmo que homem e mulher desempenhem a mesma função; a mulher ainda acaba por acumular algumas funções domésticas e, infelizmente, a questão da violência contra a mulher ainda é um dos problemas a ser superado.
Podemos então concluir que o estatuto que hoje a mulher ocupa na sociedade passou de atribuído (pois logo à nascença, as mulheres já eram, à partida escravas) a adquirido pelo extremo esforço e mérito próprio.


Solange Martins nº23

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Socialização

      O ser humano é, quando nasce, um ser culturalmente em branco. Através de relações que estabelece com o grupo social em que se encontra, a criança torna-se um ser cultural. Assim podemos afirmar que o comportamento humano é resultado de um processo de aprendizagem proveniente da interação com outros indivíduos na sociedade e da cultura transmitida ao longo das gerações.

      A socialização é, por isso, um processo contínuo de aprendizagem e consiste na assimilação de normas e valores, caraterísticos de um determinado meio social, tendo como objetivo a integração do indivíduo na sociedade.

    A integração no grupo familiar e, posteriormente, a aceitação social nos grupos que nos vamos integrando (escola, amigos, trabalho,...) deriva de nos comportarmos de acordo com o que é esperado de nós. É desta forma que aprendemos a ser membros de uma sociedade e somos reconhecidos por ela como tal.


Existem então dois tipos de socialização:

     A socialização primária é um processo que ocorre durante a infância, em que a criança estabelece relações com os outros elementos da sociedade, tornando-se um membro participante, e tendo como principal influência a família. Este processo é o mais importante pois é onde há a criação de uma estrutura fundamental para toda a socialização do indivíduo e onde os pais têm um papel muito importante no que respeita à assimilação de normas, valores e padrões comportamentais.

      A socialização secundária é um processo posterior à socialização primária, ocorrendo na vida adulta, por meio do qual o indivíduo aprende novos papéis (como por exemplo: o trabalho) e contribui para a formação complexa da personalidade do indivíduo.



      Agentes de socialização:

Família - A família é o primeiro grupo em que ocorre a socialização do individuo, e onde são adquiridos um conjunto de saberes básicos (socialização primária). Os pais e os familiares mais próximos desempenham um papel de modelos que a criança procura imitar e com os quais pretende identificar‐se.

Escola - A escola é a instituição responsável pela transmissão de conhecimentos, técnicas e competências necessárias para uma vida adulta socialmente valorizada.

Grupo de pares - O grupo de pares é um conjunto social formado por indivíduos de idade aproximada que têm em comum a vivência de situações e experiências semelhantes, a partilha de interesses e gostos. O grupo de de pares é, por isso, um agente fundamental para a preparação para a vida adulta, em que a sua função é "cortar" com os laços familiares.

                                                                                                                                     Carina Faria nº8

Cultura

A cultura é "a totalidade dos conhecimentos, das crenças, das artes, dos valores, leis, costumes e de todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo Homem enquanto membro da sociedade." Edward B. Tylor

A cultura é uma totalidade onde se conjugam estes diversos elementos materiais e simbólicos. Todos eles encontram-se organizados de forma dinâmica no todo cultural, isto é, mudam e influenciam-se mutuamente a cada momento. A cultura é um elemento inescapável do ambiente de qualquer pessoa, pelo que, ao longo da vida, se traduz em múltiplas e variadas consequências na forma como cada um pensa, sente e se comporta.

Para além de produtos da cultura, somos também os seus produtores. A forma como pensamos e nos comportamos, o que escolhemos, as opções que tomamos fazem parte da cultura em que estamos integrados, da sua construção, transmissão e transformação. A influência entre os processos psicológicos e a cultura é mútua, dinâmica e permanente.Todas as comunidades humanas possuem cultura. A cultura varia no tempo e no espaço, varia as épocas e momentos históricos, assim como varia de lugar para lugar, pelo que não há nunca uma única cultura, mas múltiplas culturas.

Aos processos que decorrem do contacto entre elementos culturais, ou entre pessoas, pertencentes a diferentes culturas, dá-se o nome de aculturação. A aculturação diz respeito ao conjunto dos fenómenos resultantes do contacto contínuo entre grupos de indivíduos pertencentes a diferentes culturas, assim como às mudanças nos padrões culturais de ambos os grupos que decorrem desse contacto. A aculturação é um fenómeno que leva a mudanças culturais, quer as culturas sejam maioritárias, quer sejam minoritárias. Tanto umas como outras têm permanentemente que reagir a adaptar-se àquilo que de novo as desafia.

Ana Cláudia Alves, nº1