Uma atitude consiste numa posição de um agente (individual ou coletivo) perante um determinado objeto (pessoa, grupo, situação ou valor). Por outras palavras, são predisposições adquiridas e relativamente estáveis que levam o indivíduo a reagir de forma positiva ou negativa em relação a um objeto social. Certos sintomas, tais como, palavras, tons, gestos, atos, escolhas ou mesmo a ausência destes, indicam a atitude de um indivíduo relativamente a um assunto em particular. As atitudes permitem-nos interpretar, organizar e processar informações.
Nas atitudes, podem distinguir-se três componentes: cognitiva, afetiva e comportamental. A componente cognitiva é o conjunto de ideias, informações e crenças acerca de um objeto social; ou seja, é o que sabemos ou acreditamos saber acerca de algo. A componente afetiva é o conjunto de valores e emoções (positivas ou negativas) relativamente ao objecto social – é aquilo que sentimos acerca de algo. A componente comportamental advém das duas componentes anteriores. Define-se como o conjunto de reações, de respostas face ao objecto social, ou seja, é o que estamos dispostos a fazer em relação a algo. Esta predisposição depende das crenças e dos valores que se têm em relação ao mesmo.
Portanto, a partir de uma informação ou convicção (componente cognitiva) – “a leitura faz bem ao cérebro” – à qual se atribui um sentimento ou emoção (componente afetiva) – “aprecio a leitura de bons livros” – desenvolve-se um conjunto de comportamentos (componente comportamental) – “desejo de adquirir um livro”.
Exemplificando: uma atitude negativa perante a homossexualidade pode dever-se à crença de que o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo é contranatura (componente cognitiva). Um indivíduo que acredite nisto sente repulsa ao ver um casal homossexual (componente afetiva). Um comportamento associado a esta atitude é a tentativa de convencer os outros a não aceitar este tipo de relacionamento (componente comportamental).
As atitudes não são directamente observáveis. É possível deduzir-se as atitudes através dos comportamentos. Assim, por exemplo, se uma pessoa que não quer que se fume junto a ela, pode-se inferir que ela tem uma atitude negativa perante o tabaco. O contrário também é possível, ou seja, sabendo qual a atitude de um individuo perante um objecto social, inferir os comportamentos associados.
Grande parte dos nossos comportamentos tem atitudes subjacentes. Quanto mais forte, estável, importante e mais facilmente retida pela memória for uma atitude, mais provavelmente afeta um comportamento.
As atitudes formam-se durante o processo de socialização, no meio social onde nos encontramos. A assimilação de atitudes ocorre ao longo da vida, mas tem particular importância na infância e na adolescência. Estão, entre os agentes sociais mais importantes na formação de atitudes, a família, a escola, o grupo de pares e os meios de comunicação social.
Os pais exercem um papel fulcral na formação das primeiras atitudes na criança. A figura parental é o principal ponto de referência para a criança se identificar – são os pais que a criança considera como modelos e a quem tenta imitar.
Atualmente, o papel da escola no que conta a este assunto tem vindo a tornar-se mais proeminente, tendo em conta que a escolaridade obrigatória aumentou nos últimos anos. Na adolescência, em particular, o grupo de pares tem bastante influência nas atitudes de um individuo, pois é com o grupo que ele se identifica.
Os meios de comunicação têm, nos nossos dias, grande influência na formação de novas atitudes. Tendencialmente, somos influenciados por filmes, telenovelas, publicidade.
O ser humano tem tendência para estabilizar as suas atitudes. Isto deve-se sobretudo ao facto de um indivíduo permanecer mais ou menos no mesmo meio social durante toda a sua vida. No entanto, as atitudes não são impossíveis de mudar. Filmes, campanhas, reportagens ou até mesmo publicidade podem modificar o modo como encaramos algo.
A propósito da alteração de atitudes, a campanha Continuamos à Espera tem como temáticas a Saúde Sexual e Reprodutiva, Justiça Social, Igualdade de Género e Oportunidades. A campanha visa alertar para as situações de discriminação e desigualdade que continuam a existir e face às quais não podemos ficar indiferentes nem esperar que a mudança de mentalidade resolvam.
Joana Guimarães
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