A especificidade
do ser Humano
Para que se estabeleça um equilíbrio é necessário uma inter-relação entre
forças, neste caso para que o Homem possa autoequilibrar-se, organizar-se e
regularizar-se, é necessário o estabelecimento de inter-relações entre três conceitos,
sendo eles Biologia, Cultura e História.
Quando falamos em Biologia, falamos na ciência que estuda a vida, ou seja,
o ser vivo. E o que será um ser vivo se não um ser com necessidades,
necessidades estas que se organizam de forma estratigráfica de acordo com as
prioridades do ser, desde as mais básicas e essenciais, ás mais complexas e de autorrealização.
Conceitos como Filogénese, Ontogénese, SNC, Hereditariedade, Genes,
Organismo, Primatas … constituem o “ADN” do percurso de um ser biológico, pois Biologia
,e o conceito mais geral de tudo aquilo que tem vida.
Mas a variabilidade é uma constante da evolução, e por isso é que o ser que
evoluiu a parte central do ser vivo, o cérebro, se distingue de todos os outros
, falamos então em especificidade do ser Humano.
O que será que nos faz tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais de todos
os seres vivos? O que é realmente o ser Humano?
É aqui que surge o enigma da esfinge: “O quê que de dia anda com quatro patas, à
tarde anda com duas e à noite anda com três?”
Temos então associada à Biologia a Cultura.
Todos nós (seres Humanos) nascemos inseridos numa cultura, cultura essa que
nos impôe normas e regras que nos orientam para uma certa conduta.
É esta capacidade de adquirir comportamentos adaptados ao meio, que nos
distingue de todos os outros seres. Com certeza um urso polar, habituado as
regiões mais gélidas, deparado num local como a África, a probabilidade dele
sobreviver é praticamente nula. Já o Homem independentemente das condições a
que está presente, tem a espantosa capacidade de se adaptar ao meio, pois se
assim não fosse, a emigração não seria um fenómeno tão realizado nos dias de
hoje.
O Homem é um ser dito racional, e por isso um ser que pensa, raciona e age
segundo a razão, tendo assim a capacidade de adquirir conhecimento. Dentro do
conhecimento temos vários tipos, como, a Arte, a Ciência, a Filosofia e a
Religião, sendo que as duas últimas compõem a Moral/Ética.
O que serão então as normas, valores, princípios, regras, leis … ? Tudo
isto constitui o “caráter normativo da cultura”. Cabe-nos a nós agora, escolher
o caminho a seguir, daí que podemos ter um desvio positivo ou negativo de
acordo com a (des)obediência e (in)conformismo.
É através destas atitudes contraditórias e que originam dinâmica, que levam
à evolução e por isso se dão acontecimentos como o 25 de Abril, a queda do muro de Berlim,
etc …
Isto acontece devido ao facto da sociedade ser composta por um conjunto enormíssimo
de indivíduos que divergem nas ideologias e nas atitudes, o que os leva a terem
comportamentos diferentes.
Todos esses indivíduos são portadores de um percurso e portanto cada um de
nós é História. E o que é a História se não um conjunto de fases
caraterizadoras de uma vida!
As coordenadas fundamentais da História são o tempo e o espaço, pois tudo o
que nos acontece é fruto do “Eu e aminha circunstância”, ou seja, todos nós
reagimos de acordo com o momento em questão.
Pois na vida as circunstâncias mudam e por isso mudam as nossas reações e a
isso damos o nome de evolução.
No nosso percurso temos a história coletiva e a individual, porque o “Homem
não é uma ilha” mas sim um ser que estabelece relações sociais,e por isso
quando falamos em história coletiva falamos em Humanidade, Espécie, Pátria …, todos nós pertencemos a um grupo que estabelece
relações entre si. Quando falamos da história pessoal, falamos de todo um
conjunto de experiências /vivências pessoais que podem levar a um trauma
psicológico caso se tome como uma má experiência.
Por tudo isto dizemos que o Homem é um ser bio cultural com um percurso histórico-pessoal
.
Inês Costa
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