Será
a esquizofrenia uma doença hereditária ou desenvolvida por influência do meio?
A esquizofrenia é “um tipo
de sofrimento psíquico grave”, ou seja, é um distúrbio mental provocado por um
desconforto emocional (angustia, tristeza, isolamento, falta de afeto …).
Os sintomas
caraterizadores desta doença podem ser, alucinações (sejam elas auditivas,
visuais, etc…), delírios, perturbações do comportamento motor (instabilidade
nas reações), dificuldade na expressão oral (chegando mesmo a ser
incompreensível), ou até mesmo depressões nervosas, em que a pessoa deixa de se
sentir motivada pelas atividades do seu dia-a-dia, fica com a capacidade de
raciocínio mais lenta, alterando assim as suas capacidades cognitivas, motoras,
entre outras.
Agora, será esta
doença hereditária? Haverá algum gene responsável por este transtorno? Será o
meio responsável pela esquizofrenia? São estas as perguntas para as quais a
Ciência tem vindo, árdua e dificilmente, a procurar uma resposta.
Estudos comprovam que
há genes que podem estar envolvidos no distúrbio, e são estes, que em conjunto
com o meio em que o individuo está inserido, desenvolvem a doença. É mais
provável que um individuo sofra de esquizofrenia, se houver um caso na família (uma
probabilidade estimada em 12%), é o exemplo do famoso matemático Jonh Nash -
história retratada no filme “Uma mente Brilhante” – em que o seu filho também
sofre do mesmo distúrbio.
No entanto a
influência direta da genética ainda não está provada, havendo uma concordância
mais unanime em que o meio é o fator fulcral para o desenvolvimento da doença,
pois é ele que contribui para o bem/mau estar da pessoa em questão.
Quando falo em meio,
falo no espaço em si, nas pessoas que fazem parte desse espaço, nos hábitos que
se vão estabelecendo e na organização destes fatores entre si. E é esta
relação entre o meio e o indivíduo, que pode levar a situações de desequilíbrio.
Apesar de existirem inúmeras teorias sobre o aparecimento da esquizofrenia,
todas elas têm por base um fator proveniente do meio: a ausência de relações
interpessoais satisfatórias especialmente entre mãe/bebé; as relações
familiares e com as pessoas que nos rodeiam, infeções virais que possam ter
provocado alterações cerebrais (especialmente em meio uterino), chegando mesmo
ao consumo de determinados fármacos que podem desencadear o aparecimento da
doença pelas alterações neurológicas provocadas.
Um exemplo bastante
estudado em que é interessante refletir é o consumo de drogas. Temos por
hábito associar como maior consequência do consumo de drogas a morte, quer por
excesso (overdose), quer por falta da mesma em que o organismo entra numa
degradação física geral e progressiva, mas mal nos ocorre pensar que os
estupefacientes podem causar ou estimular este distúrbio mental. No entanto,
apesar de haver um grande investimento em estudar esta relação entre drogas e
esquizofrenia, pois a associação das duas é muitíssimo frequente, ainda não se
conseguiu chegar à conclusão definitiva se é o consumo de estupefacientes que
provoca o aparecimento da esquizofrenia, ou se é a existência da doença, mesmo
que discretamente, que leva o indivíduo (que se sente só e insatisfeito com a
sua vida) a procurar compensar essas sensações com o consumo das drogas.
Contudo, há uma grande inclinação para que seja antes o primeiro caso a
predominar pois a grande maiorias destas substâncias alteram significativamente
a libertação e absorção dos neurotransmissores, ou seja, das comunicações
cerebrais.
Em suma, atualmente
a conclusão que se retira dos vários estudos é que as hipóteses são de facto
várias e diferentes entre si para a explicação da origem da esquizofrenia. No
entanto, nenhuma delas, sozinha, nem a genética, nem o meio isolado, conseguem
realmente responder às várias dúvidas que existem em relação à causa da doença,
o que reforça a ideia de que se trata de um distúrbio multifatorial.
Inês Costa
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