domingo, 24 de novembro de 2013

O vínculo: hereditariedade e espécies

O papel da hereditariedade, isto é, da transmissão de informações genéticas dos progenitores à descendência, confere uma predisposição genética para características físicas, tais como, a altura ou a cor dos olhos. Mas também para uma maior facilidade de realizar uma tarefa, como desenhar, aprender línguas ou até tocar instrumentos musicais. No entanto, se esta não for estimulada pelo meio, o seu sucesso pode ficar comprometido.
Assim, estes estímulos proporcionados pelo meio, devem ter início na infância, o período em que o ser humano é mais recetivo a adquirir conhecimento. Uma vez que, estes serão responsáveis, pelo aumento da complexidade das ligações entre os neurónios, portanto irão auxiliar o desenvolvimento cognitivo da criança.

"O bebé não é determinado pelo ambiente, mas apenas um ambiente suficientemente bom, será capaz de oferecer as condições necessárias para o desenvolvimento do self, para que o bebé possa vir a ser ele mesmo." (Winnicott, D.W. "Objetos transicionais e fenómenos transicionais - O brincar e a realidade")

O Homem é o ser vivo, que à nascença, possui maior capacidade para adquirir conhecimentos. Ou seja, o seu programa genético é o mais aberto em relação às outras espécies, sendo por isso, o ser mais frágil a este nível, pois não possui qualquer tipo de conhecimento inicial, que possa garantir a sua sobrevivência, estando dependente da sua mãe. A dependência é visível, principalmente nos primeiros anos de vida, todavia, é no primeiro ano de vida que a relação mãe/filho é estabelecida, de seu nome vinculação, em que será a partir desta, que certas características, como a autonomia e a confiança, irão determinar-se, espelhando no futuro o comportamento da criança.


Por contraste, répteis como as tartarugas possuem um programa genético mais fechado, pois revindicam à nascença de conhecimentos necessários à sua sobrevivência. Daí na altura da desova são deixadas pelas progenitoras em ninhos nas praias e estas retornam ao mar; quando as tartarugas bebés nascem, rumam em direção ao mar, garantindo dessa forma a sua sobrevivência, pois lá encontram alimento e proteção, porque em terra encontrariam predadores, como os caranguejos que poderiam pôr em causa a sua sobrevivência.
Em suma, todas as espécies, estão limitadas pelas suas caraterísticas, fruto dos genes que receberam dos seus progenitores. Estas, serão responsáveis, por futuras potencialidades, que poderão determinar a sobrevivência e evolução, ou a extinção das mesmas. O ser humano, não escapa a esta dependência, resta-lhe fazer uso da sua capacidade racional, para tentar auxiliar da melhor forma este processo, como tem feito a investir na genética, para assim entender a complexidade deste processo.


Mafalda Alves

Sem comentários:

Enviar um comentário