Estereótipo
Corresponde
a generalizações, ou pressupostos, que as pessoas fazem sobre as
características ou comportamentos de grupos sociais específicos ou tipos de indivíduos que tanto pode resultar numa
avaliação positiva como uma avaliação negativa.
O estereótipo é geralmente
imposto, segundo as características externas, tais como a aparência (cabelos,
olhos, pele), roupas, condição financeira, comportamentos, cultura,
sexualidade, sendo estas classificações – categorização- nem sempre positivas
que podem e muitas vezes causar certos impactos negativos nas pessoas.
Exemplos:
·
Estereótipo de género: papel da mulher e do
homem.
·
Estereótipo racial e étnico: contra negros,
muçulmanos, ciganos, alemães, asiáticos.
·
Estereótipo socioeconómico: os mendigos, os milionários.
·
Estereótipo da sexualidade: lésbicas,
homossexuais, transsexuais, bissexuais.
·
Estereótipo sob grupos de indivíduos: góticos,
políticos, skinheads, loiras.
Há estereótipos
que funcionam como guias de comportamento e códigos de comunicação. É o caso
dos conceitos de idade, sexo, profissão, religião, classe social, etc., que
ajudam, por um lado, a prever comportamentos e, por outro, ajudam ao
estabelecimento de laços entre as pessoas.
Preconceito
O preconceito, do grego prae
(antes) e conceptu (conceito), traduz a apreensão de uma série de crenças e
valores que são aplicados a determinadas realidades antes que essa realidade
seja objetivamente vivida e avaliada por si mesma.
Em termos sociais ou étnicos, o preconceito
consiste numa ideia construída sobre o "outro" antes de o conhecer
efetivamente e dispensando mesmo a necessidade dessa experiência, já que o
conceito mental substitui a própria realidade. Tanto o estereótipo como o
preconceito traduzem generalizações; a diferença é que enquanto o primeiro é
uma realidade objetivamente apercebida e depois generalizada a outras
realidades, o segundo é a "invenção" ou "ideia" de uma
realidade subjetiva que é generalizada ao real, substituindo-o.
A relação entre estereótipo e
preconceito é pertinente, na medida em que a formulação de muitos estereótipos
reside na prévia existência de preconceitos e vice-versa.
“O amor não vê defeitos , com o ódio não vê
qualidades" Allport
Discriminação
A discriminação refere-se a
atitudes que prejudicam os sujeitos pertencentes a determinados grupos sociais
e resulta de processos sociais que molestam os membros desses grupos. A
discriminação, portanto, estará configurada quando existir uma ação ou omissão
que dispense um tratamento diferenciado (inferiorizado) a uma pessoa ou grupo
de pessoas, em razão da sua pertença a uma determinada raça, cor, sexo,
nacionalidade, origem étnica, orientação sexual, identidade de género, ou outro
fator.
A discriminação pode ser direta ou indireta:
Direta – sempre que, em razão da
origem racial, étnica, nacional ou outra uma pessoa seja objeto de tratamento
menos favorável do que aquele que é, tenha sido ou possa vir a ser dado a outra
pessoa em situação comparável.
Por exemplo, o proprietário de um imóvel que se recusa
a arrendar para cidadãos estrangeiros realiza uma discriminação direta;
Indireta – sempre que disposição,
critério ou prática, aparentemente neutro, coloque pessoas de uma dada origem
racial, étnica, nacional ou outra numa situação de desvantagem comparativamente
com outras pessoas.
Por exemplo, uma empresa que tenha como condição para
a promoção dos funcionários o facto de falar a língua portuguesa sem sotaque,
pode parecer um critério neutro, mas acaba por excluir todos os funcionários
que não tenham o português como língua nativa (a não ser que a função a ser
exercida justifique que o candidato apresente uma determinada dicção, como no
caso dos tradutores).
No século XX, grande número de países passou a prever
na sua legislação a ilegalidade da discriminação, não só de tipo direto mas
também indireto, precisamente para operacionalizar o reconhecimento de
princípios básicos de igualdade.
No âmbito dos crimes, temos os chamados crimes de
ódio, que podem ser definidos como a prática efetiva de atos de violência
motivados pelo facto de a vítima apresentar determinada característica (como
certa origem racial, orientação sexual ou origem nacional, por exemplo) ou de
pertencer a um determinado grupo (como ser seguidora de uma religião). Esta
motivação racista ou preconceituosa pode levar à aplicação de uma pena mais
elevada, pois o crime passa a ser considerado como qualificado (crimes de
ofensa à integridade física qualificada e homicídio qualificado).
Cooperação versus
Competição
Experiência de Muzafer
Muzaferd Sherif dividiu
num campo de férias de Verão dois grupos de rapazes, as “águias” e as
“serpentes”. Estes depois de passarem por uma primeira fase de cooperação,
foram sujeitos a jogos e atividades de competitividade. Na segunda fase
verificou-se que o nível de competitividade aumentou, manifestando-se na
segunda semana como um fonte rivalidade. Na terceira fase os investigadores
excluíram as actividades competitivas e procuraram que os rapazes se unissem,
favorecendo o contacto entre eles. Contudo, o que se verificou é que existia
grande conflito entre as pessoas pertencentes a diferentes grupos, o que
impedia o seu relacionamento. Na quarta e última fase, foram obrigados a
realizar atividades de cooperação essenciais para ambos e que só resultavam se
os dois grupos se unissem; por fim, foram obrigados a comunicarem e a
conhecer-se, acabando por criar laços de amizade.
Acontecem três
coisas:
1- As relações interdependentes, nas quais a
cooperação é reforçada, levam a uma motivação mais forte para completar a
tarefa comum.
2- O trabalho de grupo desenvolve uma amistosidade
considerável entre os membros do grupo.
3- A cooperação desenvolve um processo de comunicação
amplamente efetivo que tende a promover uma maximização da criação de ideias e
uma maior influência mútua.
Efeitos no
comportamento cooperativo
A vida no século XX é caracterizada por comunidades
globais e interdependentes e por instituições sociais complexas, as quais
requerem níveis elevados de cooperação entre os seus membros. Consequentemente,
a maioria das pessoas valoriza o comportamento cooperativo e acredita que ele
constitui um objectivo importante para a educação. Muitas das actividades
extracurriculares da escola, tais como as equipas desportivas e as
manifestações musicais e teatrais, são justificadas nesta base.
Conflito
É no seio destas relações que estabelecemos com os
outros, que surgem, por vezes, situações em que as partes não conseguem chegar
a um acordo baseado na cooperação e acabam por entrar em conflito.
O conflito pode ser identificado por uma tensão tanto
ao nível individual como do grupo, devido a posições opostas sobre determinada
matéria ou de interesses incompatíveis. Uma vez instalados, os conflitos, por
exemplo de ordem política, pessoal ou religiosa podem ser reativados e
alimentados pelos preconceitos e atitudes negativas. O agravamento tal como o
atenuamento do conflito vai depender das relações internas de cada grupo, pode
aumentar ou diminuir se se desenvolverem atitudes de provocação ou de
conciliação respetivamente. Uma vez, que os conflitos também se geram do
inconformismo presente na sociedade, e são vários os exemplos que figuram na
história que demonstram a positividade deste.
- nível pessoal: conflito geracional, resultante dos pontos de vistas e opiniões divergentes entre pais e filhos; Exemplificando, as discussões entre as horas de saídas a casa depois das festas
- nível social:
No entanto,
ao nível social, o conflito pode ser gerador de novas ideias e surgir como um
foco de mudança resultado das várias interações dos grupos que constituem a
sociedade.
No contributo dos conflitos entre os negros e os
brancos para o reconhecimento da igualdade de todos os cidadãos, as sufragistas
e revolução liberal em frança na qual resulta a morte das figuras do poder.
Formas de
resolução
- Conflito e Cooperação:
- Conflito e Mediação: fazendo uso de uma terceira
parte imparcial, que ajuda ambas as partes a chegarem a um consenso, como
ocorre nos processos de divórcios.
- Conflito e Negociação: ambas as partes tentam
chegar, voluntariamente e cordialmente a uma decisão que beneficie os
envolvidos, como ocorre nos meios empresariais, entre vendedores da mesma
firma, para maximizar o número de clientes.
Cooperação
A
cooperação em grupos não é apenas socialmente construída ou o produto de uma
escolha racional, a cooperação tem uma base genética natural.
As duas principais vias através das quais os
interesses individuais levam à cooperação social são a seleção por parentesco e
a reciprocidade. Desta forma, os parentes demonstram altruísmo de forma mais
evidente para com aqueles que mantêm um determinado grau de parentesco.
Contudo, também a cooperação também é verificada ao nível de comportamentos
para com pessoas com as quais não se tem qualquer laço de sangue.
A cooperação entre os homens e a confiança que esta
gera é um conceito que remonta à pré-história, em que os homens se juntavam
para caçar de forma a manter a sua sobrevivência, verificada hoje em dia nas
relações de trabalho de forma a reunir o maior número de clientes em
determinado ramo.
Tanto a cooperação e o altruísmo recíproco emergiram
originariamente porque traziam benefícios aos indivíduos que os possuíam. A
capacidade de trabalhar em conjunto constituía uma vantagem competitiva para os
seres humanos primitivos e por isso aquelas qualidades que reforçavam o grupo
alastraram e tornaram-se uma constante, sendo um comportamento praticado nos
nossos dias. À medida que os grupos se
formam, começam inevitavelmente a competir, proporcionando um nível mais alto
de incentivo à cooperação entre os respetivos membros. Nas palavras do biólogo Richard
Alexander, “os seres humanos cooperam para competir.”
A linguagem veio facilitar a cooperação.
Extra: O psicólogo Nicholas
Humphrey e o biólogo Richard Alexander ,sugeriram separadamente, que uma das razões por que o cérebro humano se desenvolveu
tão rapidamente quanto o fez foi a necessidade que os humanos tinham de
cooperar, enganar e decifrar o comportamento uns dos outros.
Mafalda Alves